A ressurreição de Jesus
Cristo está na base da fé cristã (cf. CIC, 571). A afirmação da ressurreição é
o primeiro «credo» cristão. O cristianismo tem o seu primeiro fundamento no
«acontecimento pascal»: morte e ressurreição de Jesus Cristo. «Se Cristo não
ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé» — escreve Paulo
na Primeira Carta aos Coríntios (15,14). Os discípulos revelam que há um
acontecimento que transforma as suas vidas: o crucificado ressuscitou, está vivo.
Para ajudar a compreender
melhor, leia:
- At 10, 34-43;
- Catecismo da Igreja Católica, números 638 a 658.
«Deus o ressuscitou, ao terceiro dia»
Afirma Pedro na casa do
centurião romano Cornélio. Os evangelhos (Mt 28, Mc 16, Lc 24, Jo 20) descrevem
a experiência pessoal («aparição») dos discípulos que testemunham o
Crucificado-Ressuscitado. No discurso de Pedro, em Cesareia, na casa de
Cornélio percebe-se que a ressurreição não é fruto de um acaso ou um fato
isolado; a ressurreição é o culminar do estilo de vida assumido por Jesus
Cristo, é a plenitude da sua missão. Em primeiro lugar, Pedro afirma que Jesus
de Nazaré foi «ungido» por Deus; depois, refere a ação realizada por Jesus em
diversos lugares («fazendo o bem»; «curando»); em seguida, Pedro testemunha a
morte na cruz («madeiro») e a ressurreição ao terceiro dia; o discurso termina
com as consequências da fé cristã neste «acontecimento pascal». Há uma nova
maneira de viver, iluminada pela existência terrena de Jesus Cristo que culmina
com a ressurreição.
Ressuscitou
A ressurreição de Jesus
Cristo assinala o cumprimento do projeto salvador. Toda a história da salvação
é lida a partir deste acontecimento. Apesar de ser o centro da fé cristã,
infelizmente há muita confusão (entre os próprios cristãos) sobre o verdadeiro
significado da ressurreição. «Trata-se de um acontecimento real e
transcendente, verificável pelos seus sinais, mas que permanece oculto. Tem a
Trindade como protagonista. A ressurreição acontece pelo poder do Pai que
ressuscita, do Filho que vence a morte e do Espírito que vivifica (cf.
Catecismo da Igreja Católica, 648). É um acontecimento transcendente, não está
documentado historicamente. Mas é real; há uma série de manifestações que indicam
a realidade da ressurreição» (Rui Alberto, «Eu creio, Nós cremos. Encontros
sobre os fundamentos da fé», ed. Salesianas, Porto 2012, 121).
Em primeiro lugar, precisamos
de entender que a ressurreição não se pode associar às categorias de espaço e
de tempo onde nos situamos atualmente. A ressurreição não consiste em regressar
a uma existência situada no espaço e no tempo. A ressurreição não é uma
reanimação do cadáver. A morte não é anulada na ressurreição (cf. catequeses 21
e 22)! «Pelo contrário, a morte é definitivamente superada. Trata-se da entrada
numa vida totalmente diferente, imperecível, eterna, ‘celestial’» (Hans Küng, «Credo.
A Profissão de Fé Apostólica explicada ao Homem Contemporâneo», Instituto
Piaget, Coleção «Crença e Razão» 14, Lisboa 1997, 130).
A ressurreição também não
consiste na continuidade desta existência espácio-temporal. Em rigor, não
podemos falar de um «depois» da morte, pois a dimensão temporal deixa de ter
sentido: «a eternidade não é determinada por um antes nem por um depois
temporais. Pelo contrário, significa uma nova vida na esfera de Deus,
invisível, incompreensível, que rompe com as dimensões de espaço e tempo» (Hans
Küng, 131). É o que habitualmente designamos por «céus». A ressurreição permite
afirmar que a morte não é a afirmação do «Nada», mas do «Tudo»: «o crente sabe
que a morte é a passagem para Deus, é a retirada para junto de Deus, nesse
domínio que supera todas as ideias, que nenhum Homem alguma vez viu, alheio ao
nosso toque, entendimento, reflexão e fantasia! A palavra mistério é bem
empregue para descrever a ressurreição para a vida nova, porquanto se trata do
domínio primordial de Deus» (Hans Küng, 131).
Ao terceiro dia
Dizer que Jesus Cristo
«ressuscitou ao terceiro dia» é mais do que uma referência cronológica. Entre
os judeus, acredita-se que Deus não deixa o justo sofrer mais de três dias (cf.
Genesi Rabbah 91, 7). Na Bíblia, expressa a novidade da ação de Deus. Afirma o
profeta Oseias (6, 2): «Dar-nos-á de novo a vida em dois dias, ao terceiro dia
nos levantará, e viveremos na sua presença».
A ressurreição de Jesus
Cristo inaugura esse tempo novo vivido na plenitude da presença de Deus. É o
cumprimento de todas as promessas e profecias. Jesus Cristo «ressuscitou ao
terceiro dia, conforme as Escrituras».
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
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