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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Esta é a nossa fé – 29 – E o seu reino não terá fim



No «Credo» niceno-constantinopolitano, o artigo dedicado a Jesus Cristo termina com a afirmação da vitória final: «e o seu reino não terá fim». Qual é o reino de Jesus Cristo? Quando é que começa? Este tema será de novo aprofundado quando nos referirmos, no final do «Credo», à esperança na ressurreição e na vida «do mundo que há de vir» (Catequeses 40 e 41).
Para compreender melhor, leia:
- 1 Cor 15, 20-28;
- Catecismo da Igreja Católica, números 668-682.

«É necessário que Ele reine até que tenha colocado todos os inimigos debaixo dos seus pés»
Afirma Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, ao refletir sobre a vitória obtida com a ressurreição de Jesus Cristo. A seguir acrescenta: «O último inimigo a ser destruído será a morte». Paulo mostra-nos que a vitória definitiva de Jesus Cristo acontece com a vitória sobre a morte. Ora, isso já aconteceu, pois a ressurreição é a manifestação dessa vitória. No entanto, ainda não está totalmente concluída, uma vez que o pecado e a morte continuam presentes nesta nossa existência terrena. De fato, todos podemos constatar que Jesus Cristo «não eliminou a morte biológica: o organismo do ser humano, como o de qualquer ser vivo, corrompe-se e acaba por sucumbir. Porque é que dizemos então que Ele venceu a morte? Ele venceu-a porque a privou do seu sentido de destruição total do ser humano e transformou-a no nascimento duma vida plena e definitiva. Ele foi o primeiro a percorrer esse caminho e com Ele chegam à vida de Deus todos os que morrem com Ele» (Fernando Armellini, «O banquete da Palavra. Ano A», Paulinas, Lisboa 1995, 415). Em Jesus Cristo a história já atingiu a plenitude, mas ainda não se consumou o final dos tempos. Aí, será instaurado definitivamente o Reino, para que «Deus seja tudo em todos».

Esta é a nossa fé – 28 – Para julgar os vivos e os mortos



A vinda gloriosa de Jesus Cristo está associada, no «Credo», ao juízo no final dos tempos. Ao proclamarmos que Jesus Cristo «há de vir em sua glória», acrescentamos que essa vinda será «para julgar os vivos e os mortos».
Para compreender melhor, leia:
- Mt 25, 31-46;
- Catecismo da Igreja Católica, n. 678-682.

«Perante Ele, vão reunir-se todos os povos»
É o que diz S. Mateus para ilustrar o encontro definitivo com Jesus Cristo. A este propósito, o papa Francisco disse: «À direita são postos aqueles que agiram segundo a vontade de Deus, socorrendo o próximo faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e prisioneiro [...] e à esquerda estão quantos não socorreram o próximo. Isto diz-nos que nós seremos julgados por Deus segundo a caridade, segundo o modo como o tivermos amado nos nossos irmãos, especialmente os mais frágeis e necessitados. Sem dúvida, devemos ter sempre bem presente que somos justificados e salvos pela graça, por um gesto de amor gratuito de Deus, que sempre nos precede; sozinhos, nada podemos fazer. A fé é antes de tudo um dom que recebemos. Mas para que dê fruto, a graça de Deus exige sempre a nossa abertura a Ele, a nossa resposta livre e concreta. Cristo vem trazer-nos a misericórdia de Deus que salva. É-nos pedido que confiemos n’Ele, correspondendo ao dom do seu amor com uma vida boa, feita de gestos animados pela fé e pelo amor. Nunca tenhamos medo de olhar para o Juízo final; ao contrário, que ele nos leve a viver melhor o presente. Deus oferece-nos este tempo com misericórdia e paciência, a fim de aprendermos todos os dias a reconhecê-lo nos pobres e nos pequeninos, de trabalharmos para o bem e de sermos vigilantes na oração e no amor» (Audiência Geral de 24 de abril de 2013).

Esta é a nossa fé – 27 – De novo há de vir em sua glória



Há uma mudança nos tempos verbais! Até agora o conteúdo do «Credo» situou-se no passado e no presente da História da Salvação. Agora, aponta para o tempo futuro: uma realidade marcada pela vinda gloriosa de Jesus Cristo.
Para compreender melhor, leia:
- Jo 14, 1-6;
- Catecismo da Igreja Católica, n. 668-677.

«Virei novamente e hei de levar-vos para junto de mim»
Diz Jesus Cristo aos discípulos, no contexto do longo discurso de despedida relatado no evangelho de João. À proximidade com os seus discípulos, lavando-lhes os pés e insistindo o mandamento do amor, mistura-se a tensão do anúncio das negações de Pedro e da traição de Judas (cf. Jo 13). Agora, Jesus percebe que o rosto e o coração dos discípulos estão perturbados. Por isso, anima-os a ter fé, a ter confiança nele e no Pai. Tranquiliza os seus amigos. Apesar de todas as contrariedades e situações difíceis, explica-lhes que a esperança humana será levada à plenitude. Porque, no coração de Deus, há lugar para todos os seus filhos. A exortação à confiança está também associada à «partida» de Jesus Cristo para a «casa» do Pai onde preparará um «lugar» para os seus amigos. Mas não devem ficar tristes, pois não se trata de um abandono definitivo; ele voltará: «virei novamente e hei de levar-vos para junto de mim». Os discípulos não compreendem. Em nome de todos, Tomé assume essa incompreensão. Ainda não entenderam qual é a meta nem o caminho para lá chegar: «Não sabemos para onde vais, como podemos saber o caminho?». A resposta está no próprio Jesus Cristo. Ele é o caminho. «Jesus esclarece os discípulos de que a sua partida é abrir caminho para a casa do Pai, a meta final para todos» (Bíblia Sagrada, Nota ao texto de João 14,2-3, Difusora Bíblica, 1758).

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Esta é a nossa fé – 26 – Onde está sentado à direita do Pai



A profissão de fé na Ascensão de Jesus Cristo («subiu aos Céus») tem um complemento que acrescenta: «onde está sentado à direita do Pai». Qual é o sentido desta afirmação? Há um simbolismo relacionado com esta terminologia sobre o qual vamos refletir.
Para compreender melhor, leia:
- Salmo 110 (109);
- Catecismo da Igreja Católica, números 659 a 667.

«Disse o Senhor ao meu senhor: ‘Senta-te à minha direita’»
Os exegetas (estudiosos da Bíblia) sugerem que se trata de um texto sobre a realeza. Neste sentido, a expressão «ao meu senhor» refere-se ao rei (cf. Bíblia Sagrada, Introdução ao Salmo 110, Difusora Bíblica, 957). Contudo, em vários textos do Novo Testamento, inclusive nos evangelhos, esta expressão é usada para se referir a Jesus Cristo. Por exemplo, nos Atos dos Apóstolos, Pedro serve-se deste salmo para anunciar a ressurreição de Jesus Cristo: «David não subiu ao Céu, mas ele próprio diz: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita [...]. Saiba toda a casa de Israel, com absoluta certeza, que Deus estabeleceu como Senhor e Messias a esse Jesus por vós crucificado» (2, 34-36). No mesmo sentido podemos entender a afirmação no final do evangelho segundo Marcos: «O Senhor Jesus [...] foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus» (16, 19). Esta relação com Jesus Cristo é também confirmada pelo próprio, quando do julgamento no tribunal judaico. Trata-se de uma referência comum aos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). O próprio Jesus Cristo responde: «O Filho do Homem vai sentar-se à direita de Deus» (Lucas 22, 69). «Utilizando o Salmo 110, Jesus anuncia o começo do Reinado messiânico que, a partir da sua Páscoa, será reconhecido pela Igreja» (Bíblia Sagrada, Nota ao texto de Lucas, Difusora Bíblica, 1721).

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Esta é a nossa fé – 25 – E subiu aos Céus



Estamos no coração da nossa fé cristã — dissemos a propósito das catequeses anteriores: «Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras». Agora, continuando a reflexão central da fé cristã, afirmamos a Ascensão de Jesus Cristo: «subiu aos Céus».
Para compreender melhor, leia:
- At 1, 1-11;
- Catecismo da Igreja Católica, números 659 a 667.

«Elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos»
Descreve o início do livro dos Atos dos Apóstolos, ao referir-se à Ascensão de Jesus, depois de se ter mostrado (aparecido) vivo «durante quarenta dias» aos discípulos. Nesta frase, podemos considerar dois temas: a subida e a nuvem. «Com esta expressão — ‘elevou-se à vista deles’ —, que corresponde à experiência sensível e espiritual dos apóstolos, evoca-se o movimento ascensional, uma passagem da terra ao céu, sobretudo como sinal de outra ‘passagem’: Cristo passa ao estado de glorificação em Deus. O primeiro significado da Ascensão é precisamente este: revelar que o Ressuscitado entrou na intimidade celestial de Deus» (João Paulo II, Audiência Geral de 12 de abril de 1989). A temática da nuvem completa esta dimensão com o sinal bíblico da presença de Deus. Entre outros, «a nuvem recorda-nos o momento da transfiguração, em que uma nuvem luminosa pousou sobre Jesus e os discípulos (cf. Mt 17,5; Mc 9,7; Lc 9,34-35). Recorda-nos a hora do encontro entre Maria e o mensageiro de Deus, Gabriel, o qual lhe anuncia que a força do Altíssimo ‘estenderá sobre ela a sua sombra’ (cf. Lc 1, 35). Recorda-nos a tenda sagrada de Deus na Antiga Aliança, onde a nuvem é o sinal da presença do Senhor (cf. Ex 40,34-35), o qual, inclusive durante a peregrinação no deserto, precede Israel como nuvem (cf. Ex 13,21-22). A afirmação sobre a nuvem é claramente teológica. Apresenta o desaparecimento de Jesus não como uma viagem em direção às estrelas, mas como a entrada no mistério de Deus» (Bento XVI, «Jesus de Nazaré. Parte II — Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição, 228).