A vinda gloriosa de Jesus
Cristo está associada, no «Credo», ao juízo no final dos tempos. Ao
proclamarmos que Jesus Cristo «há de vir em sua glória», acrescentamos que essa
vinda será «para julgar os vivos e os mortos».
Para compreender melhor,
leia:
- Mt 25, 31-46;
- Catecismo da Igreja
Católica, n. 678-682.
«Perante Ele, vão reunir-se
todos os povos»
É o que diz S. Mateus
para ilustrar o encontro definitivo com Jesus Cristo. A este propósito, o papa
Francisco disse: «À direita são postos aqueles que agiram segundo a vontade de
Deus, socorrendo o próximo faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e
prisioneiro [...] e à esquerda estão quantos não socorreram o próximo. Isto
diz-nos que nós seremos julgados por Deus segundo a caridade, segundo o modo como o tivermos amado nos nossos irmãos, especialmente os mais frágeis e
necessitados. Sem dúvida, devemos ter sempre bem presente que somos
justificados e salvos pela graça, por um gesto de amor gratuito de Deus, que
sempre nos precede; sozinhos, nada podemos fazer. A fé é antes de tudo um dom
que recebemos. Mas para que dê fruto, a graça de Deus exige sempre a nossa
abertura a Ele, a nossa resposta livre e concreta. Cristo vem trazer-nos a
misericórdia de Deus que salva. É-nos pedido que confiemos n’Ele, correspondendo
ao dom do seu amor com uma vida boa, feita de gestos animados pela fé e pelo
amor. Nunca tenhamos medo de olhar para o Juízo final; ao contrário, que ele
nos leve a viver melhor o presente. Deus oferece-nos este tempo com
misericórdia e paciência, a fim de aprendermos todos os dias a reconhecê-lo nos
pobres e nos pequeninos, de trabalharmos para o bem e de sermos vigilantes na
oração e no amor» (Audiência Geral de 24 de abril de 2013).
Para julgar
«A história humana tem
início com a criação do homem e da mulher, à imagem e semelhança de Deus, e
conclui-se com o Juízo final de Cristo. Esquecemo-nos muitas vezes destes dois
polos da história, e sobretudo a fé na vinda de Cristo e no Juízo às vezes não
é muito clara e sólida no coração dos cristãos» (Papa Francisco, Audiência Geral de
24 de abril de 2013). A consciência de um «juízo» está presente desde sempre
nos primeiros cristãos, como se pode comprovar em vários textos do Novo
Testamento. Mas este conceito de juízo não está relacionado com um processo
judicial. Uma infeliz associação produzida no âmbito da cultura romana
transformou o «juízo final» num acontecimento dramático e trágico, como se
fosse possível uma decisão arbitrária do juiz. «Se confiamos naquele que nos
criou, também podemos ter plena confiança naquele que nos chama à salvação»
(Olegario González de Cardedal, «Sobre la muerte», ed. Sígueme, Salamanca 2002,
66). Na Bíblia, o juiz, antes de ser aquele que dá o prêmio ou o castigo, é aquele que
vela pela ordem e procura o restabelecimento do que foi destruído ou
danificado. A imagem de Deus justiceiro é completamente falsa. «Ora, o Filho
não veio para julgar, mas para salvar e dar a vida. É pela recusa
da graça nesta vida que cada qual se julga já a si próprio» (CIC, 679). A salvação é um dom de Deus. Mas nem sempre o ser humano decide
acolher esse dom. Essa é a nossa responsabilidade (cf. Catequeses 15, 16 e 39).
Basta estar atento aos textos do Novo Testamento para perceber que o juízo é
uma consequência da liberdade humana, isto é, está dependente das decisões que
tomamos durante a existência terrena. Na passagem do evangelho de Mateus,
o rei não exerce nenhum julgamento. As palavras que pronuncia não são uma
sentença, mas uma declaração que constata o comportamento de cada um: uns são
benditos e outros malditos em função do que fizeram aos seus irmãos. Esclarece
o Catecismo da Igreja Católica (n. 682): «Cristo glorioso há de revelar a
disposição secreta dos corações, e dará a cada um segundo as suas obras e
segundo a aceitação ou recusa que tiver feito da graça».
Os vivos e os mortos
Jesus Cristo virá para
«julgar os vivos e os mortos» significa dizer que é para todos os homens e
mulheres de todos os tempos. «Nenhuma situação humana pode ser considerada
‘fora de jogo’, no que diz respeito à oferta que Deus faz à liberdade das pessoas.
[...] Somos continuamente convidados a não fazer brincadeira, a ser verdadeiros e
sinceros, a viver no sinal da coerência límpida e corajosa» (Dionigi
Tettamanzi, «Esta é a nossa fé!», Paulinas, Prior Velho 2005, 101-102).
«Vinde, benditos de meu
Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do
mundo» (Mt 25,34).
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
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