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sábado, 25 de outubro de 2014

O diapasão (Mt 16,13-20)



Quando temos um violão desafinado, normalmente chegamo-nos ao órgão e pedimos que o organista toque para nós as notas a fim de afinar o violão. Mas, e se o órgão também estiver desafinado? Corremos o risco de colocar no violão uma falsa afinação. É preciso então pegar o órgão e pedir o auxílio do piano para afiná-lo. Mas, o piano também pode desafinar, e também trompete, e o acordeon e a flauta e todos os instrumentos musicais podem desafinar.
Se isso acontecesse perderíamos o referencial do que é um DÓ, um RÉ, um MI…
Por isso e para isso existe o DIAPASÃO. O diapasão é um instrumento que não toca música alguma, mas conserva intacta a referência das notas que compõe a música. O DIAPASÃO jamais desafina. Por isso, se queremos garantir a nossa afinação é preciso conferi-la com o diapasão. Nele não há erro, não há semitom, não há desafinação.
No evangelho, Jesus, ao interrogar os seus discípulos em Cesareia de Filipe encontrou em Pedro e nos apóstolos uma FÉ assim, sem erro, correta, segura, firme, afinada com exatidão. Não por mérito dos apóstolos, mas por graça de Deus. E então, Jesus quis edificar sobre esta FÉ de Pedro e dos apóstolos a sua Igreja.
A IGREJA é o DIAPASÃO da nossa FÉ.

"Nossa vida está escondida com Cristo em Deus" (Col 3,3)



Há poucos dias celebramos a Festa do Batismo do Senhor Jesus, encerrando as festas do Natal. Ouvimos no relato evangélico como João Batista estranhou a presença de Jesus para ser batizado: "eu que preciso ser batizado por ti e tu vens a mim?" (Mt 3,14), mas ouvimos também a manifestação de Deus Pai: "Este é o meu Filho amado no qual pus toda a minha afeição" (Mt 3,17) e quase vimos o Espírito Santo descendo em forma de pomba para completar assim o testemunho que não nos deixa dúvidas: Jesus é o único Filho de Deus e se queremos ser filhos de Deus necessitamos ser enxertados em Jesus, o Filho.
Jesus, de fato, não precisava receber o batismo, pois desde sempre e para sempre Ele é o Filho de Deus. Nós é que temos essa necessidade, pois temos que nos tornar, por graça, aquilo que Jesus é por natureza. Pelo santo Batismo tornamo-nos filhos no Filho, somos enxertados em Jesus Cristo e passamos a ter em nós a sua seiva, a sua vida, o seu alimento, o seu espírito. O Batismo no entanto é apenas o começo. Depois, ao longo da vida, temos que nos tornar aquilo que somos para que na hora da nossa morte, Deus Pai encontre em nós, vazios de nós mesmos, a imagem do seu Filho amado e detentor de toda a sua afeição. Só somos amados por Deus à medida que nos tornamos membros de Cristo.