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domingo, 9 de junho de 2013

Esta é a nossa fé – 23 – Ressuscitou ao terceiro dia



A ressurreição de Jesus Cristo está na base da fé cristã (cf. CIC, 571). A afirmação da ressurreição é o primeiro «credo» cristão. O cristianismo tem o seu primeiro fundamento no «acontecimento pascal»: morte e ressurreição de Jesus Cristo. «Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé» — escreve Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (15,14). Os discípulos revelam que há um acontecimento que transforma as suas vidas: o crucificado ressuscitou, está vivo.
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- At 10, 34-43;
- Catecismo da Igreja Católica, números 638 a 658.

«Deus o ressuscitou, ao terceiro dia»
Afirma Pedro na casa do centurião romano Cornélio. Os evangelhos (Mt 28, Mc 16, Lc 24, Jo 20) descrevem a experiência pessoal («aparição») dos discípulos que testemunham o Crucificado-Ressuscitado. No discurso de Pedro, em Cesareia, na casa de Cornélio percebe-se que a ressurreição não é fruto de um acaso ou um fato isolado; a ressurreição é o culminar do estilo de vida assumido por Jesus Cristo, é a plenitude da sua missão. Em primeiro lugar, Pedro afirma que Jesus de Nazaré foi «ungido» por Deus; depois, refere a ação realizada por Jesus em diversos lugares («fazendo o bem»; «curando»); em seguida, Pedro testemunha a morte na cruz («madeiro») e a ressurreição ao terceiro dia; o discurso termina com as consequências da fé cristã neste «acontecimento pascal». Há uma nova maneira de viver, iluminada pela existência terrena de Jesus Cristo que culmina com a ressurreição.

Esta é a nossa fé – 22 – E foi sepultado



A temática que estamos refletindo — crucificação e morte de Jesus Cristo — termina com uma expressão forte: «e foi sepultado». Com esta afirmação fica de lado qualquer suspeita sobre a morte de Jesus Cristo. Além disso, «a permanência do corpo de Cristo no túmulo constitui o laço real entre o estado passível de Cristo antes da Páscoa e o seu estado glorioso atual de ressuscitado» (CIC, 625).
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- Lc 23, 50-56;
- Catecismo da Igreja Católica, números 624 a 630.

«Descendo-o da cruz, envolveu-o num lençol e depositou-o num sepulcro»
É assim que o evangelho segundo Lucas descreve a ação de José de Arimateia, um «homem reto e justo [...] que esperava o Reino de Deus». De acordo com os procedimentos romanos (cf. catequese 20), o crucificado ficava abandonado na cruz sem ter direito a sepultura. «Enquanto os romanos abandonavam os corpos dos justiçados na cruz aos abutres, os judeus faziam questão de que eles fossem sepultados; havia lugares atribuídos pela autoridade judiciária para isso mesmo. Neste sentido, o pedido de José enquadra-se nos costumes judiciários judaicos. [...] Sobre a própria deposição, os evangelistas transmitem-nos uma série de informações importantes. Antes de mais sublinha-se que José foi depositar o corpo do Senhor num sepulcro novo, de sua propriedade, no qual ainda ninguém fora sepultado (cf. Mt 27, 60; Lc 23, 53; Jo 19, 41). Nisto se dá prova de um respeito profundo por este defunto. Assim como no ‘Domingo de Ramos’ Ele se serviu de um jumentinho que ainda ninguém montara (cf. Mc 11, 2), assim também agora é depositado num sepulcro novo» (Bento XVI, «Jesus de Nazaré. Parte II — Da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição»)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Esta é a nossa fé – 21 – Padeceu



Nesta catequese damos continuidade à reflexão anterior (20: Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos) para aprofundar os sofrimentos associados à morte de Jesus Cristo. A expressão usada no «Credo» é «padeceu». Trata-se de uma palavra «que, no Credo, resume toda a vida de Jesus: entre o seu nascimento e a sua morte, Ele sofreu» (Christophe Dufour, «Cinco pequenas catequeses sobre o Credo», Edições Salesianas, Porto 2012, 46). Podemos saber o que terá acontecido? «A fé pode esforçar-se por investigar as circunstâncias da morte de Jesus» (Catecismo da Igreja Católica, 573).
Para compreender melhor, leia:
- Mc 14, 32 - 15, 41;
- Catecismo da Igreja Católica, números 571 a 623 

«Pilatos depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado»
Refere o evangelho segundo Marcos sobre um dos momentos que antecedeu a crucificação de Jesus e que lhe infligiu grande sofrimento. Além dos relatos evangélicos, existem testemunhos históricos (por exemplo: Flávio Josefo e Tácito) que documentam o que sucedeu a Jesus Cristo. É certo que, entre os romanos, a flagelação era uma das etapas da condenação à morte na cruz. A cruz, como instrumento de suplício, é de origem persa. Gregos, cartagineses e romanos aplicavam-na como pena capital aos criminosos (cf. tema 20). Além da flagelação, os relatos indicam que Jesus foi coroado de espinhos e ultrajado, antes de ser crucificado. «Os soldados de Pilatos começaram realmente a intervir de maneira oficial quando o prefeito lhes deu ordem para flagelarem Jesus. A flagelação, neste caso, não era um castigo independente, nem mais um jogo dos soldados. Formava parte do ritual da execução» (José Antonio Pagola, «Jesus. Uma aproximação histórica»). 

Esta é a nossa fé – 20 – Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos



O «Credo», como já dissemos na catequese anterior (19: «e se fez homem»), passa da referência à encarnação e nascimento para a condenação e morte de Jesus Cristo: «Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado». Neste tema, refletimos sobre a primeira parte desta afirmação.
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- At 13, 26-29;
- Catecismo da Igreja Católica, números 595-623 

«Exigiram a Pilatos que o mandasse matar»
Proclama Paulo na catequese descrita no capítulo treze do livro dos Atos dos Apóstolos. «A tradição cristã elaborou respostas, a catequese forjou fórmulas: Jesus morto pelos nossos pecados, o sacrifício que dá a vida. Com o risco de, por vezes, nos fazer esquecer o choque que representavam para os primeiros discípulos o fracasso e a condenação à morte do seu mestre. [...] A sentença e a execução foram romanas. Mas a acusação política [...] parece mais uma montagem jurídica doutro processo. [...] O verdadeiro conflito foi religioso [...]. Era preciso que a questão fosse vital para Jesus e mortal para as autoridades religiosas para se chegar a uma tal ruptura» (Ph. Ferlay, J.-N. Bezançon, J.-M. Onfray, «Para compreender o Credo», ed. Perpétuo Socorro, Porto 1993, 97-98).