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terça-feira, 4 de junho de 2013

Esta é a nossa fé – 21 – Padeceu



Nesta catequese damos continuidade à reflexão anterior (20: Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos) para aprofundar os sofrimentos associados à morte de Jesus Cristo. A expressão usada no «Credo» é «padeceu». Trata-se de uma palavra «que, no Credo, resume toda a vida de Jesus: entre o seu nascimento e a sua morte, Ele sofreu» (Christophe Dufour, «Cinco pequenas catequeses sobre o Credo», Edições Salesianas, Porto 2012, 46). Podemos saber o que terá acontecido? «A fé pode esforçar-se por investigar as circunstâncias da morte de Jesus» (Catecismo da Igreja Católica, 573).
Para compreender melhor, leia:
- Mc 14, 32 - 15, 41;
- Catecismo da Igreja Católica, números 571 a 623 

«Pilatos depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado»
Refere o evangelho segundo Marcos sobre um dos momentos que antecedeu a crucificação de Jesus e que lhe infligiu grande sofrimento. Além dos relatos evangélicos, existem testemunhos históricos (por exemplo: Flávio Josefo e Tácito) que documentam o que sucedeu a Jesus Cristo. É certo que, entre os romanos, a flagelação era uma das etapas da condenação à morte na cruz. A cruz, como instrumento de suplício, é de origem persa. Gregos, cartagineses e romanos aplicavam-na como pena capital aos criminosos (cf. tema 20). Além da flagelação, os relatos indicam que Jesus foi coroado de espinhos e ultrajado, antes de ser crucificado. «Os soldados de Pilatos começaram realmente a intervir de maneira oficial quando o prefeito lhes deu ordem para flagelarem Jesus. A flagelação, neste caso, não era um castigo independente, nem mais um jogo dos soldados. Formava parte do ritual da execução» (José Antonio Pagola, «Jesus. Uma aproximação histórica»). 

Padeceu
O dicionário indica que o verbo «padecer» tem os seguintes significados: (verbo transitivo) sofrer de (mal físico ou espiritual); ser atormentado ou afligido por; suportar; aguentar; consentir em; permitir que; (verbo intransitivo) ser ou estar doente; sofrer dores físicas ou espirituais. O que terá vivido realmente Jesus Cristo nestes momentos? Por certo que o sofrimento mais intenso terá sido durante a permanência na cruz. De fato, a crucifixão produzia uma morte lenta e dolorosa por asfixia. Mas «os seus sofrimentos começaram ainda antes de ser preso, quando se encontrava sozinho a rezar, no Monte das Oliveiras. Segundo Lucas (o único evangelista que narra este episódio), nesse momento, sofreu uma forte crise emocional que lhe provocou o chamado «suor de sangue». […] Já há vários dias que Jesus sabia que a sua situação era difícil e que as autoridades o procuravam para o matar. Portanto, naquela noite, encontrava-se num estado emocional crítico, que aumentava com o passar as horas, o que o levou a suar sangue. Segundo os especialistas, o seu corpo fica muito debilitado e a pele fica extremamente sensível, pelo que deve ser internado imediatamente. Jesus, não só não foi internado, como foi ainda submetido a toda uma série de ultrages infames. Por isso, a morte foi mais rápida do que o que era de esperar» (Ariel Alvarez Valdés, «Enigmas da Bíblia. Novo Testamento», Difusora Bíblica, Fátima 2005, 168). Depois seguiu-se a prisão. Os evangelhos (Mc, Mt, Lc) descrevem várias humilhações que foram infligidas a Jesus, entre as quais bofetadas e açoites. No dia seguinte, após o interrogatório judaico, Jesus foi submetido ao tribunal romano e condenado à morte na cruz. Mas, como era costume entre os romanos, antes de ser morto era flagelado. «O instrumento usado para açoitar foi o ‘flagrum’, composto por um pequeno cabo de madeira, do qual saíam duas ou três correias de couro com uns 50 cm de comprimento e em cujas pontas havia umas pequenas bolas de chumbo que serviam para arrancar pedaços de carne a cada chicotada, e assim lesionar mais ainda o corpo» (Ariel Alvarez Valdés, 169). A seguir, como se não bastasse os soldados colocaram-lhe uma coroa de espinhos sobre a cabeça. «Aqueles espinhos voltaram a ser cravados, uma e outra vez, por causa dos movimentos de cabeça que Jesus deve ter feito enquanto tentava respirar pendurado na cruz. Portanto, o sofrimento de tal coroação acompanhou-o até ao momento da sua morte» (Ariel Alvarez Valdés, 170). 
A terminar é importante referir que não são os sofrimentos (de Jesus) que nos salvam. O que nos salva é o amor e a fidelidade com que Jesus viveu toda a sua vida, e também os sofrimentos e a morte. Jesus salva-nos pelo testemunho de amor. «Só o amor é digno de fé» (Hans Urs von Balthasar).

(adaptado do www.laboratoriodafe.net)

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