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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Esta é a nossa fé — 14 — Por Ele todas as coisas foram feitas



      No início do Credo, proclamamos que Deus é Pai Criador (cf. catequeses 5 e 6). Agora, no centro do Credo, voltamos a referir o ato criador para o associar a Jesus Cristo: «Por Ele todas as coisas foram feitas». E, mais adiante, voltaremos a associá-lo com o Espírito Santo. Na verdade, «embora a obra da criação seja particularmente atribuída ao Pai, é igualmente verdade de fé que o Pai, o Filho e Espírito Santo são o único e indivisível princípio da criação» (Catecismo da Igreja Católica, 316).
      Agora, vamos aprofundar a relação de Jesus Cristo com o ato criador. Para ajudar a compreender melhor, leia:
      - Colossenses 1, 12-20;
        - Catecismo da Igreja Católica, números 290-294. 

«Todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele»
      É uma aclamação que faz parte do hino recolhido ou adaptado por Paulo na Carta aos Colossenses. As afirmações deste hino fazem parte de um contexto cultural e filosófico em que se pensava que o céu e a terra estavam povoados por potências misteriosas. Por isso, sem qualquer dúvida, afirma que Jesus Cristo tem a primazia sobre todas as coisas.
     

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Esta é a nossa fé — 13 — Consubstancial ao Pai



O Catecismo da Igreja Católica, no número 242, resume assim este tema: «No primeiro concílio ecumênico de Nicéia, em 325 d.C., a Igreja confessou que o Filho é ‘consubstancial’ ao Pai, quer dizer, um só Deus com Ele. O segundo concílio ecumênico, reunido em Constantinopla em 381 d.C., guardou esta expressão na sua formulação do Credo de Nicéia e confessou ‘o Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, luz da luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai’».
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- João 14, 6-14;
- Catecismo da Igreja Católica, 234-242 e 249-256

«Quem me vê, vê o Pai»
Foi a resposta de Jesus, no evangelho de João, ao pedido do apóstolo Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai!». «O modo tipicamente cristão de considerar Deus passa sempre através de Cristo. É Ele o Caminho, e ninguém vai ao Pai senão por meio d’Ele. [...] Cristo, o Filho predileto, é por excelência o revelador do Pai. O verdadeiro rosto de Deus é-nos revelado só por Aquele que ‘está no seio do Pai’. A expressão original grega do Evangelho de João (cf. 1, 18) indica uma relação íntima e dinâmica de essência, de amor, de vida do Filho com o Pai» (João Paulo II, Audiência Geral de 20 de setembro de 2000). O diálogo entre Jesus e Filipe destaca a relação de profunda intimidade entre Jesus e o Pai: não se pode conhecer Um sem o Outro. Para o Papa Bento XVI, «estas palavras são as mais nobres do evangelho de João» (Audiência Geral de 6 de setembro de 2006). Mas não é fácil captar tudo que é dito. Os apóstolos também tiveram dificuldade em perceber esta essência de Deus revelado em Jesus Cristo. O mesmo sucedeu nos primeiros anos do cristianismo. Aliás, ainda hoje é preciso a abertura à fé para acolher a totalidade deste mistério divino. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Esta é a nossa fé — 12 — Gerado, não criado



O «Credo Niceno-Constantinopolitano» contém várias expressões relativas à divindade de Jesus Cristo, o Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, como mostram as reflexões anteriores (cf. catequeses 8 a 11). No Concílio realizado em Niceia, no ano 325 d.C., introduz-se no «Credo» uma nova terminologia, que pretende estabelecer uma distinção muito clara entre «gerado» e «criado». Daí resultou a expressão atribuída a Jesus Cristo quando proclamamos o «Credo»: «gerado, não criado».
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- Salmo 2;
- Catecismo da Igreja Católica, 238-242.

«Tu és meu filho, Eu hoje te gerei»
É uma frase original do Salmo 2, que o Novo Testamento e a tradição cristã utilizam para se referirem a Jesus Cristo; e desta forma atestam a geração do Filho, a Segunda Pessoa da SS. Trindade. O Salmo 2 está relacionado com a entronização do rei; utiliza o termo «filho» em sentido figurado aplicado ao rei. Para o salmista, no dia da sua entronização, o rei era «gerado» por Deus. Vários exegetas explicam este versículo dizendo que «eu hoje te gerei», quer dizer «neste dia eu te designei para seres ungido como rei». Assim, de acordo com esta interpretação, estabelecia-se uma relação direta entre a realeza e a divindade. Digamos que, para o povo bíblico, o rei não era apenas uma escolha humana, mas também uma eleição divina. O profeta Natan, quando da revelação das promessas de Deus a Davi, usa uma terminologia idêntica: «eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho». Também esta expressão será retomada pelo autor da Carta aos Hebreus (1, 5) para aplicá-la a Jesus Cristo. A citação do Salmo 2 — «Tu és meu filho, Eu hoje te gerei» — é aplicada a Jesus Cristo por três vezes no Novo Testamento: uma no livro dos Atos dos Apóstolos (13, 33); e duas na Carta aos Hebreus (1, 5; 5, 5).

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Esta é a nossa fé — 11 — Deus verdadeiro de Deus verdadeiro



A reduplicação da divindade de Jesus Cristo expressa no «Credo» não acrescenta, apenas reforça a doutrina trinitária acerca de Deus. O que se proclama, de novo, é a natureza divina de Jesus Cristo por inteiro. Jesus Cristo é Deus a partir do próprio Deus: «Deus verdadeiro de Deus verdadeiro».
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- 1ª Carta de João 2, 21-25;


- Catecismo da Igreja Católica, 249-256; 261-262  — os mesmos da catequese anterior.

«Todo aquele que nega o Filho fica sem o Pai; aquele que confessa o Filho tem também o Pai» — este comentário da Primeira Carta de João revela as linhas essenciais da falsa doutrina defendida pelos «anticristos», como os classifica o autor da Carta. Esta heresia considerava impossível o mistério da Encarnação. Mas, para o autor da Carta, negar a divindade de Jesus significava não estar em comunhão com o Pai (Deus). Negar a identidade de Jesus Cristo (verdadeiro Deus e verdadeiro homem) significava ser «anticristo». Podemos depreender através de toda a Primeira Carta de João que se tratava de uma doutrina bastante difundida e com muita aceitação entre os cristãos.