A reduplicação
da divindade de Jesus Cristo expressa no «Credo» não acrescenta, apenas reforça
a doutrina trinitária acerca de Deus. O que se proclama, de novo, é a natureza
divina de Jesus Cristo por inteiro. Jesus Cristo é Deus a partir do próprio
Deus: «Deus verdadeiro de Deus verdadeiro».
Para ajudar a
compreender melhor, leia:
- 1ª Carta de João 2,
21-25;
- Catecismo da
Igreja Católica, 249-256; 261-262 — os
mesmos da catequese anterior.
«Todo aquele que nega o Filho fica sem o Pai;
aquele que confessa o Filho tem também o Pai» — este comentário da Primeira
Carta de João revela as linhas essenciais da falsa doutrina defendida pelos «anticristos», como os classifica o autor
da Carta. Esta heresia considerava impossível o mistério da Encarnação. Mas,
para o autor da Carta, negar a divindade de Jesus significava não estar em
comunhão com o Pai (Deus). Negar a identidade de Jesus Cristo (verdadeiro Deus
e verdadeiro homem) significava ser «anticristo».
Podemos depreender através de toda a Primeira Carta de João que se tratava de
uma doutrina bastante difundida e com muita aceitação entre os cristãos.
Deus verdadeiro
de Deus verdadeiro.
Esta
reduplicação do «Credo» sugere de novo uma ligação profunda na Trindade de
Deus; aqui, entre o Pai e o Filho (Jesus Cristo). «O essencial não é que Cristo tenha pregado uma verdade divina, mas que
ele, real e fisicamente, é a própria verdade divina. Não é unicamente profeta e
pregador, mas realidade fisicamente existente sobre a Terra. Ele é o próprio
Deus. Com isso, o acesso a Deus não é simplesmente a aceitação de umas verdades
pela via da transcendência. É algo mais profundo. É que a via mística da
transcendência é ele» (Xavier Zubiri, «El
problema filosófico de la historia de las religiones», Alianza Ed., Madrid,
1993, 329-330).
Como já vimos em temas anteriores, foram várias as (falsas) doutrinas que puseram em causa a identidade divina e humana de Jesus Cristo. Agora, apresentamos mais uma falsa doutrina, uma «heresia» (doutrina ou linha de pensamento que é contrária ao ensino oficial).
Como já vimos em temas anteriores, foram várias as (falsas) doutrinas que puseram em causa a identidade divina e humana de Jesus Cristo. Agora, apresentamos mais uma falsa doutrina, uma «heresia» (doutrina ou linha de pensamento que é contrária ao ensino oficial).
Gnosticismo
A doutrina
gnóstica ultrapassa a dimensão cristã. É uma concepção religiosa muito antiga e
que se infiltrou na Igreja gerando uma heresia com a qual já se defrontaram os
Apóstolos e os primeiros cristãos, entre os quais podemos assinalar Santo
Ireneu (130-200) na obra «Contra os Hereges». Existem diversas correntes de
gnosticismo. Em geral, os adeptos desta doutrina (gnósticos) acreditam que
existem dois deuses: um deus bom e outro mau. O mundo foi criado pelo deus mau.
Por isso, para eles tudo o que é material tem de ser desprezado. O espiritual é
o que interessa, porque é obra do deus bom. Para compreender a totalidade desta
doutrina é necessário um aprofundamento maior. Aqui, situamo-nos apenas no
âmbito da afirmação da divindade de Jesus Cristo. Ora, para os gnósticos, Jesus
Cristo não é nem Deus nem humano. O deus bom enviou ao mundo o seu mensageiro,
Jesus Cristo. Este seria uma espécie de «avatar» portador da «gnose» (um
conhecimento revelado a alguns escolhidos e que leva à salvação, que consiste
na libertação da carne, da matéria). Por isso, Jesus não teria tido um corpo de
verdade, mas apenas um corpo aparente (docetismo: doceta quer dizer aparente).
Esta doutrina põe em causa a identidade de Jesus Cristo, porque nega quer a
divindade quer a humanidade. Um conhecimento destas afirmações gnósticas
ajuda-nos não só a perceber a dinâmica da elaboração do «Credo
niceno-constantinopolitano», mas também a compreender melhor alguns dos
escritos do Novo Testamento. A Primeira Carta de João foi escrita para combater
esta heresia. «A Carta não foi escrita
apenas para reavivar a fé em Cristo e o amor aos irmãos; parece ser, antes de
mais, um escrito polémico: perante a ameaça de erros graves, apresenta fórmulas
claras e confissões obrigatórias da fé, como garantia da fé genuína e sinal da
ortodoxia (4, 1-3). Parece que se enfrenta com os gnósticos, que afirmavam ter
um conhecimento direto de Deus e negavam tanto a vinda de Deus ‘em carne
mortal’ (4, 2) como a identidade entre o Cristo celeste e o Jesus terreno (2,
22). Para eles, o Jesus não passava de um mero instrumento de que o Cristo
celeste se tinha servido para comunicar a sua mensagem, descendo a Ele por
ocasião do Batismo e abandonando-o por ocasião da Paixão; e assim negavam a Encarnação
e a morte do Filho de Deus, e o seu valor redentor» (Bíblia Sagrada,
Introdução às Cartas de João, ed. Difusora Bíblica, Fátima 2008, 2013).
O gnosticismo (cristão) é uma falsa doutrina que tem ganho ascendente
nas novas formas de religiosidade.
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
Nenhum comentário:
Postar um comentário