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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Esta é a nossa fé – 24 – Conforme as Escrituras



No «Credo niceno-constantinopolitano», proclamamos que a ressurreição de Jesus Cristo aconteceu «ao terceiro dia, conforme as Escrituras». Nesta catequese continuamos a refletir sobre a Ressurreição (cf. catequese 23), para perceber que o acontecimento está relacionado com as promessas do Antigo Testamento e com as palavras (e a vida) de Jesus Cristo.
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- 1 Cor 15, 1-11;
- Catecismo da Igreja Católica, números 638 a 658

«Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras»
Escreve Paulo, por volta do ano 56, na Primeira Carta aos Coríntios. Para esclarecer qualquer dúvida que existisse entre os cristãos de Corinto — «como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos?» (15, 12), Paulo recorda o conteúdo central da «confissão de fé» aceita pelas comunidades cristãs e constituída por dois acontecimentos inter-relacionados: a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Hoje, esta afirmação paulina é apresentada como «a profissão de fé mais importante e significativa» (José Antonio Pagola, «Jesus. Uma aproximação histórica», Vozes) dos primeiros anos do cristianismo, «o primeiro e mais antigo testemunho escrito sobre a ressurreição de Cristo» (João Paulo II, Audiência Geral de 29 de janeiro de 1989). Bento XVI a considera a «chave da cristologia paulina: tudo gira à volta deste centro gravitacional. Todo o ensinamento do apóstolo Paulo parte do e chega sempre ao mistério daquele que o Pai ressuscitou da morte» (Bento XVI, «A alegria da fé», Paulinas Editora, Prior Velho 2012, 40-41). Neste texto, sai reforçada a garantia de que a morte e a ressurreição fazem parte do plano salvador de Deus.

Conforme as Escrituras
Esta expressão mais do que referir-se a este ou àquele texto bíblico, situa estes mistérios no desígnio divino da salvação revelado nas Escrituras.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) sugere: «a ressurreição de Cristo é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento e do próprio Jesus, durante a sua vida terrena. A expressão ‘segundo as Escrituras’ indica que a ressurreição de Cristo cumpriu essas predições» (CIC 652). Os relatos pascais dos evangelhos destacam a relação intrínseca entre o acontecimento e o que tinha sido anunciado. Em Marcos, «um jovem» recorda às mulheres: «Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá o vereis, como vos tinha dito» (16, 7). Em Mateus, «o anjo» diz às mulheres: «ressuscitou, como tinha tido» (28, 6). Em Lucas, esta relação é ainda mais evidente ao relacionar a fé na ressurreição com as palavras de «dois homens em trajes resplandecentes»: «‘Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia, dizendo que o Filho do Homem tinha de ser entregue às mãos dos pecadores, ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia’. Recordaram-se então das suas palavras» (24, 6-8). É ainda no evangelho de Lucas que esta íntima relação se evidencia nos relatos da experiência pascal dos discípulos de Emaús e de outros reunidos com os Onze apóstolos. Aos discípulos a caminho de Emaús, Jesus Cristo diz: «‘Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?’. E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, o que lhe dizia respeito» (24, 26-27). A seguir, Jesus Cristo lembra: «‘Estas foram as palavras que vos disse, quando ainda estava convosco: que era necessário que se cumprisse tudo quanto a meu respeito está escrito em Moisés, nos Profetas e nos Salmos’. Abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: ‘Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar de entre os mortos, ao terceiro dia’» (24, 44-46).
«Resumindo: A Ressurreição de Cristo é o cumprimento das promessas e das profecias feitas ao povo eleito no Antigo Testamento; A ressurreição é a confirmação da divindade de Jesus; A ressurreição de Cristo realiza a justificação, cria o homem novo, trazendo a todos a adoção como filhos de Deus; A ressurreição de Cristo é a transformação do mundo, que participa na renovação escatológica (cf. Rm 8, 19); A ressurreição de Cristo é a antecipação da nossa. É ‘princípio e fonte da nossa ressurreição futura’ (CIC 655). No encontro com o Ressuscitado revela-se o sentido pleno da Escritura (veja-se a experiência de Emaús: cf. Lc 24, 27)» (Rui Alberto, «Eu creio, Nós cremos. Encontros sobre os fundamentos da fé», ed. Salesianas, Porto 2012, 121-122).

(adaptado do www.laboratoriodafe.net)

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