Nós, cristãos, acreditamos que o menino a quem foi dado o nome de Jesus
(filho de José e de Maria), que nasceu (em Belém) e viveu (em Nazaré) num
determinado contexto histórico (no tempo do rei Herodes) e geográfico (na
Palestina) é o próprio Deus que se humaniza, que vem habitar na nossa história.
A este mistério, que nunca seremos capazes de compreender na totalidade,
chamamos «Encarnação». Este grande acontecimento tem origem no Pai e
concretiza-se pela ação do Espírito Santo.
Para ajudar a compreender melhor, ler:
- Lucas 1, 26-35;
- Catecismo da Igreja Católica, nn. 461 a 486
«O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» — comunica o anjo Gabriel a Maria, no episódio da «Anunciação» relatado pelo evangelista Lucas. No diálogo, Maria parece pedir ajuda para compreender o que acaba de lhe ser dito: «Como será isso [...]?». O mensageiro de Deus explica-lhe as circunstâncias especiais desta concepção: «O Espírito Santo virá sobre ti». A presença do Espírito remete-nos para o ato criador de Deus (cf. catequese 5). Agora, com este «anúncio» Deus realiza uma nova criação! Também a afirmação seguinte — «e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» — está profundamente ligada a referências bíblicas: a «nuvem» que cobre a tenda da reunião (Ex 40, 34) ou a «nuvem» que enche o templo (1Rs 8, 10), são alguns exemplos. Agora, Deus inaugura uma nova forma de presença: a «nuvem» dá lugar a uma Pessoa, Jesus Cristo. Trata-se de uma presença inédita na história: Deus humaniza-se, vive e partilha a nossa condição humana. Jesus, que é verdadeiramente Deus, é também verdadeiramente homem (ser humano).
E encarnou
A palavra «encarnou» significa «entrar na carne». Afirmamos que Deus
entra na nossa «carne», isto é, assume a natureza humana. É claro que
reconhecimento da natureza humana de Jesus não foi o problema inicial. As
pessoas que contactavam com ele não tinham qualquer dúvida quanto à sua
condição humana; mas, ao contrário, não tinham consciência de estarem perante o
próprio Deus. Para os seus contemporâneos, Jesus era o filho de José e de
Maria, uma família de Nazaré (cf. Mc 6, 3). É o acontecimento pascal que ilumina a presença histórica de Jesus:
Ele não é apenas um ser humano enviado por Deus (como são muitos dos
personagens bíblicos); Jesus (de Nazaré) é o próprio Deus presente na história
humana. Esta união entre a natureza divina e a natureza humana numa única
Pessoa (Jesus Cristo) tem o nome de «encarnação». A partir daqui é preciso ter
consciência de que se trata de uma realidade que, por mais esforço que possamos
fazer, nunca compreenderemos na totalidade; e nunca conseguiremos expressá-la
com aquela máxima clareza reclamada pelo pensamento moderno. A «Encarnação»
permanecerá sempre um «mistério» que produziu e continuará a produzir
discussões infindáveis em dois blocos distintos: os que se fecham na pura
racionalidade; os que defendem a transcendência divina incompatível com a
natureza humana. O pensamento cristão fez e continua a fazer o maior esforço
para encontrar, em cada época, a melhor expressão ou expressões que ajudem a
compreender esta realidade que só pode ser acolhida pela fé: em Jesus Cristo
unem-se totalmente as naturezas divina e humana. «No entanto, precisamos de
compreender. A concepção de Jesus Cristo como o crente a acolhe pela fé não é
incompatível com a razão humana. Muito ao contrário, esta concepção é o
cumprimento perfeito do que a razão é capaz de pensar; mas pela fé, ela remete
isso para a iniciativa de Deus» (Mons. Christophe Dufour,
«Cinco pequenas catequeses sobre o Credo», ed. Salesianas, Porto 2012, 31).
Pelo Espírito Santo
A referência ao Espírito Santo na concepção de Jesus ensina-nos que se
trata de uma ação divina; não é uma concepção fruto da união do homem e da
mulher. O Espírito Santo é a garantia da intervenção direta de Deus que
proporciona uma «nova criação». Jesus Cristo, o Filho, é o «novo início»
operado pelo Pai, através do Espírito Santo. Assim, na «Anunciação» está
presente a Trindade de Deus: Pai, Filho, Espírito Santo.
Jesus Cristo «foi concebido, não por uma suprema inteligência
humana, nem pela imaginação criativa de um artista genial, nem pela vontade de
um fundador de religião [...]. Jesus Cristo foi concebido por Deus. Mas como
podia ele surgir na história dos homens? O Credo responde: nasceu da Virgem
Maria» (Mons. Christophe Dufour, 31).
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
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