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sábado, 11 de maio de 2013

Esta é a nossa fé — 19 — E se fez homem



A segunda parte do (segundo) artigo do «Credo» sobre Jesus Cristo termina com a afirmação: «e se fez homem». Em Jesus Cristo, Deus humaniza-se e vive a condição humana na sua totalidade, exceto no pecado. Jesus Cristo leva à plenitude a nossa humanidade. É modelo para todo o ser humano que deseja alcançar a plena realização pessoal. Nesta simples afirmação — «e se fez homem» — está condensada toda a vida (privada e pública) de Jesus Cristo.
Para ajudar a compreender melhor, ler:
- Lucas 2, 39-52;
- Catecismo da Igreja Católica, nn. 512 a 570

«Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» — assim resume o evangelho segundo Lucas a vida de Jesus entre os doze e os trinta anos de idade. Para perceber o que é relatado pelo evangelista, é preciso ter em conta que, na mesma casa, viviam os avós, os pais, os filhos, os tios, os primos, todos os que constituíam o mesmo núcleo familiar. É este grande clã familiar que se desloca a Jerusalém. Assim, já não é tão estranho que Jesus tenha ficado no Templo, «sem que os pais o soubessem». Seria possível apenas Maria e José perderem Jesus?! Este relato é muito rico em ensinamentos teológicos. Trata-se de um episódio que nos ajuda a perceber que Jesus começa a assumir a sua própria perspetiva de vida. O início da vida adulta acontecia aos doze anos. A maioria dos rapazes e moças casavam por volta dessa idade, num tempo em que aos quarenta anos já se era «velho». Ao colocá-lo «no meio dos doutores», o evangelista prepara-nos para o que vai ser a vida de Jesus: a fidelidade à sua missão.
Os primeiros anos de vida relatados nos evangelhos canônicos estão reduzidos à narração dos episódios referentes ao anúncio e nascimento de Jesus acrescidos de três acontecimentos: a fuga para o Egito (evangelho segundo Mateus) e duas situações — a «apresentação» e, mais tarde, a «perda» aos doze anos (evangelho segundo Lucas) — no Templo de Jerusalém. Estas duas últimas narrações terminam com um resumo que define a autenticidade da natureza humana da criança (Lc 2, 40.52): «Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele. [...] Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens».

Esta é a nossa fé — 18 — No seio da Virgem Maria



No mistério da Encarnação do Filho de Deus há a participação de uma jovem de Nazaré: Maria. Não podemos separar Maria de Jesus, a Mãe do Filho. «O que a fé católica crê, a respeito de Maria, funda-se no que crê a respeito de Cristo. Mas o que a mesma fé ensina sobre Maria esclarece, por sua vez, a sua fé em Cristo» — refere o Catecismo da Igreja Católica (n. 487). No «Credo» proclamamos que Jesus «encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria». O grande acontecimento da Encarnação do Filho tem origem no Pai e concretiza-se pela ação do Espírito Santo «no seio da Virgem Maria».
Para ajudar a compreender melhor, ler:
- Lucas 2, 1-20;
- Catecismo da Igreja Católica, números 487 a 511

«Completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho» — eis o culminar do mistério da Encarnação concretizado no nascimento. No relato do evangelista Lucas, estando em Belém, Maria deu à luz o seu filho, a quem será posto o nome de Jesus. Podemos dizer que a vinda de Deus ao nosso mundo através de Jesus, um ser humano, um ser de carne e osso, é o resultado natural da forma como se desenrola toda a História da Criação e da Salvação. Deus quis precisar da colaboração livre da jovem de Nazaré, Maria. Através do seu «sim» descrito na «Anunciação», tem início a geração do Filho de Deus «no seio da Virgem Maria».

Esta é a nossa fé — 17 — E encarnou pelo Espírito Santo



Nós, cristãos, acreditamos que o menino a quem foi dado o nome de Jesus (filho de José e de Maria), que nasceu (em Belém) e viveu (em Nazaré) num determinado contexto histórico (no tempo do rei Herodes) e geográfico (na Palestina) é o próprio Deus que se humaniza, que vem habitar na nossa história. A este mistério, que nunca seremos capazes de compreender na totalidade, chamamos «Encarnação». Este grande acontecimento tem origem no Pai e concretiza-se pela ação do Espírito Santo.
Para ajudar a compreender melhor, ler:
- Lucas 1, 26-35;
- Catecismo da Igreja Católica, nn. 461 a 486

        «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» — comunica o anjo Gabriel a Maria, no episódio da «Anunciação» relatado pelo evangelista Lucas. No diálogo, Maria parece pedir ajuda para compreender o que acaba de lhe ser dito: «Como será isso [...]?». O mensageiro de Deus explica-lhe as circunstâncias especiais desta concepção: «O Espírito Santo virá sobre ti». A presença do Espírito remete-nos para o ato criador de Deus (cf.
catequese 5). Agora, com este «anúncio» Deus realiza uma nova criação! Também a afirmação seguinte — «e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» — está profundamente ligada a referências bíblicas: a «nuvem» que cobre a tenda da reunião (Ex 40, 34) ou a «nuvem» que enche o templo (1Rs 8, 10), são alguns exemplos. Agora, Deus inaugura uma nova forma de presença: a «nuvem» dá lugar a uma Pessoa, Jesus Cristo. Trata-se de uma presença inédita na história: Deus humaniza-se, vive e partilha a nossa condição humana. Jesus, que é verdadeiramente Deus, é também verdadeiramente homem (ser humano).