A Carta aos Filipenses (2,6-8) nos diz que “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. É um caminho de descida, chamado na teologia de Kênosis, palavra grega que se traduz por “esvaziamento”.
Nós, por outro lado, no mundo, estamos sempre querendo subir o mais alto que pudermos e alcançar o poder, a superioridade, o mando e tantas outras propostas enganadoras. Muitas vezes, nem medimos as consequências, nem enxergamos as pessoas pelas quais passamos por cima em nossos caminhos de ascensão social, política, econômica e até mesmo religiosa.
É triste perceber dentro da própria Igreja, em nossas comunidades, pessoas interessadas em mandar, pouco dispostas a servir; com ordens prontas, mas sem avental; de falas duras, impositivas, intransigentes e pouca disposição para ajudar, para compreender o outro, para colocar-se no lugar do outro, como ensinou Jesus.
No cristianismo não há lugar para quem a todo custo quer subir. O cristianismo é um caminho de descida, de esvaziamento. Subir é perigoso, é diabólico. Como diz o povo, sabiamente: “quanto mais alto, maior o tombo”. É bem verdade! Se seguirmos a Cristo e nos abaixarmos para lavar os pés uns dos outros (Jo 13,4-11), se nos fizermos como a criança colocada no meio dos apóstolos (Mt 18,1-4), nem nos preocuparmos em ser considerados, contados, mas vivermos gratuitamente o serviço, o dom, o esvaziamento de si em benefício do outro, seremos verdadeiramente cristãos e podemos dizer humildemente que seguimos a Cristo, pois “nenhum discípulo é maior do que o mestre” (Lc 6,40).
É rebaixando-nos que conseguiremos a única exaltação que, de fato, realmente interessa: a subida para junto de Deus. A subida que o próprio Jesus fez: “Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai” (Fl. 2,9-11).
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