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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Esta é a nossa fé – 30 – Creio no Espírito Santo



O «Credo» tem uma estrutura trinitária: divide-se em três partes, cada uma delas correspondendo a uma das Pessoas da Trindade: Pai, Filho, Espírito Santo. Por isso, entramos agora no artigo dedicado ao Espírito Santo. Tal como os outros, também este começa com uma afirmação de fé: «Creio no Espírito Santo».
Para compreender melhor, leia:
- At 2,1-13;
- CIC, 683-688 e 692-701.

«Todos ficaram cheios do Espírito Santo»
Relata o livro dos Atos dos Apóstolos ao evocar o dom do Espírito Santo oferecido aos apóstolos. Era o dia de «Pentecostes», uma festa judaica (cf. Dt 16,9-12; Nm 28, 26-31) cujo nome foi adotado pelos cristãos para designar esta nova realidade: a presença do Espírito Santo na vida da Igreja, na vida dos seres humanos. O relato dos Atos dos Apóstolos é composto por duas partes: a descida do Espírito Santo (versículos 1 a 4) e a constatação do milagre das línguas (versículos 5 a 13). Há uma mudança de cenário entre as duas partes: do espaço interior (casa) passa-se para o exterior (cidade); do grupo dos discípulos passa-se para uma multidão composta por pessoas «provenientes de todas as nações que há debaixo do céu». Embora a primeira cena seja a mais conhecida e a mais preferida dos artistas, o narrador desenvolve mais a segunda, através da descrição dos comentários e das reações dos presentes. A primeira observação que podemos fazer é que o Espírito provoca a unidade. Primeiro, a unidade do dom: «Todos ficaram cheios do Espírito Santo». E depois a unidade do anúncio: «cada um os ouvia falar na sua própria língua». Assim, é apresentado o início da Igreja, fundada pelo dom do Espírito Santo, que, embora constituída por povos de todo o mundo, vive unida pela mesma fé.


Creio
Ecoa de novo a afirmação de fé: «Creio» (cf. catequeses 1 e 7). «A palavra ‘Creio’ introduz-nos numa série de afirmações nas quais se sedimentou a memória de uma longa história de Deus com os seres humanos» (Dionigi Tettamanzi, «Esta é a nossa fé!», Paulinas, Prior Velho 2005, 21).

No Espírito Santo
«Crer no Espírito Santo é professar que o Espírito Santo é um das pessoas da Santíssima Trindade» (CIC, 685). Apesar de ser o «último na revelação das pessoas da Santíssima Trindade», o Catecismo da Igreja Católica, a partir de duas citações das cartas paulinas (1Cor 12,3 e Gl 4,6), afirma que «este conhecimento de fé só é possível no Espírito Santo. Para estar em contacto com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É Ele que vem ao nosso encontro e suscita em nós a fé. [...] O Espírito Santo, pela sua graça é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova» (números 683 e 684). Mas se há uma dificuldade em abordar a Trindade a partir do Pai e do Filho, parece ser ainda mais difícil fazê-lo a partir do Espírito Santo. «Quando São Paulo chega a Éfeso, os discípulos que encontra dizem-lhe que nunca ouviram falar do Espírito Santo. Será que se Paulo viesse falar às nossas comunidades, não escutaria a mesma resposta? A nossa ideia do Espírito é muito confusa. Não sabemos que nome dar-Lhe nem como O representar. Só as metáforas exprimem um aspeto das suas manifestações: é sopro, fogo, vento, pomba, água, selo...» (Rui Alberto, «Eu creio, Nós cremos. Encontros sobre os fundamentos da fé», ed. Salesianas, Porto 2012, 132). O Catecismo da Igreja Católica (números 694 a 701) apresenta uma explicação para cada um dos símbolos que exprimem a ação do Espírito Santo: água, unção, fogo, nuvem e luz, selo, mão, dedo e pomba. De facto, constatamos que é mais fácil falar do «como» é a experiência do Espírito Santo na vida do que tentar explicar «quem» é o Espírito Santo. «Jesus ao anunciar e prometer a vinda do Espírito Santo, chama-Lhe o ‘Paráclito’, que, à letra, quer dizer: ‘aquele que é chamado para junto’, ‘advocatus’» (CIC 692). Por isso, entre os nomes mais comuns para designar o Espírito Santo aparecem os termos «Paráclito», «Advogado», «Defensor» e «Consolador». Além dos nomes e dos símbolos associados ao Espírito Santo, a doutrina tradicional da Igreja Católica, refere também sete dons (Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus) e doze frutos (Amor, Alegria, Paz, Paciência, Benignidade, Bondade, Longanimidade, Mansidão, Fé, Modéstia, Continência e Castidade).
«Acreditar no Espírito Santo significa acreditar que Deus atua sem parar na história da humanidade. Ele nunca deixou de Se exprimir em palavras que podemos entender» (Rui Alberto, 132).

(adaptado do www.laboratoriodafe.net)

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