O «Credo» tem uma estrutura
trinitária: divide-se em três partes, cada uma delas correspondendo a uma das
Pessoas da Trindade: Pai, Filho, Espírito Santo. Por isso, entramos agora no
artigo dedicado ao Espírito Santo. Tal como os outros, também este começa com
uma afirmação de fé: «Creio no Espírito Santo».
Para compreender melhor,
leia:
- At 2,1-13;
- CIC, 683-688 e 692-701.
«Todos ficaram cheios do Espírito Santo»
Relata o livro dos Atos dos
Apóstolos ao evocar o dom do Espírito Santo oferecido aos apóstolos. Era o dia
de «Pentecostes», uma festa judaica (cf. Dt 16,9-12; Nm 28, 26-31) cujo nome
foi adotado pelos cristãos para designar esta nova realidade: a presença do
Espírito Santo na vida da Igreja, na vida dos seres humanos. O relato dos Atos
dos Apóstolos é composto por duas partes: a descida do Espírito Santo
(versículos 1 a 4) e a constatação do milagre das línguas (versículos 5 a 13).
Há uma mudança de cenário entre as duas partes: do espaço interior (casa) passa-se
para o exterior (cidade); do grupo dos discípulos passa-se para uma multidão
composta por pessoas «provenientes de todas as nações que há debaixo do céu».
Embora a primeira cena seja a mais conhecida e a mais preferida dos artistas, o
narrador desenvolve mais a segunda, através da descrição dos comentários e das
reações dos presentes. A primeira observação que podemos fazer é que o Espírito
provoca a unidade. Primeiro, a unidade do dom: «Todos ficaram cheios do
Espírito Santo». E depois a unidade do anúncio: «cada um os ouvia falar na sua
própria língua». Assim, é apresentado o início da Igreja, fundada pelo dom do
Espírito Santo, que, embora constituída por povos de todo o mundo, vive unida
pela mesma fé.
Creio
Ecoa de novo a afirmação de
fé: «Creio» (cf. catequeses 1 e 7). «A palavra ‘Creio’ introduz-nos numa série
de afirmações nas quais se sedimentou a memória de uma longa história de Deus
com os seres humanos» (Dionigi Tettamanzi, «Esta é a nossa fé!», Paulinas,
Prior Velho 2005, 21).
No Espírito Santo
«Crer no Espírito Santo é
professar que o Espírito Santo é um das pessoas da Santíssima Trindade» (CIC,
685). Apesar de ser o «último na revelação das pessoas da Santíssima Trindade»,
o Catecismo da Igreja Católica, a partir de duas citações das cartas paulinas
(1Cor 12,3 e Gl 4,6), afirma que «este conhecimento de fé só é possível no
Espírito Santo. Para estar em contacto com Cristo, é preciso primeiro ter sido
tocado pelo Espírito Santo. É Ele que vem ao nosso encontro e suscita em nós a
fé. [...] O Espírito Santo, pela sua graça é o primeiro no despertar da nossa
fé e na vida nova» (números 683 e 684). Mas se há uma dificuldade em abordar a
Trindade a partir do Pai e do Filho, parece ser ainda mais difícil fazê-lo a
partir do Espírito Santo. «Quando São Paulo chega a Éfeso, os discípulos que
encontra dizem-lhe que nunca ouviram falar do Espírito Santo. Será que se Paulo
viesse falar às nossas comunidades, não escutaria a mesma resposta? A nossa
ideia do Espírito é muito confusa. Não sabemos que nome dar-Lhe nem como O
representar. Só as metáforas exprimem um aspeto das suas manifestações: é
sopro, fogo, vento, pomba, água, selo...» (Rui Alberto, «Eu creio, Nós cremos.
Encontros sobre os fundamentos da fé», ed. Salesianas, Porto 2012, 132). O
Catecismo da Igreja Católica (números 694 a 701) apresenta uma explicação para
cada um dos símbolos que exprimem a ação do Espírito Santo: água, unção, fogo,
nuvem e luz, selo, mão, dedo e pomba. De facto, constatamos que é mais fácil
falar do «como» é a experiência do Espírito Santo na vida do que tentar
explicar «quem» é o Espírito Santo. «Jesus ao anunciar e prometer a vinda do
Espírito Santo, chama-Lhe o ‘Paráclito’, que, à letra, quer dizer: ‘aquele que
é chamado para junto’, ‘advocatus’» (CIC 692). Por isso, entre os nomes mais
comuns para designar o Espírito Santo aparecem os termos «Paráclito»,
«Advogado», «Defensor» e «Consolador». Além dos nomes e dos símbolos associados
ao Espírito Santo, a doutrina tradicional da Igreja Católica, refere também
sete dons (Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade,
Temor de Deus) e doze frutos (Amor, Alegria, Paz, Paciência, Benignidade,
Bondade, Longanimidade, Mansidão, Fé, Modéstia, Continência e Castidade).
«Acreditar no Espírito
Santo significa acreditar que Deus atua sem parar na história da humanidade.
Ele nunca deixou de Se exprimir em palavras que podemos entender» (Rui Alberto,
132).
(adaptado do www.laboratoriodafe.net)
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