Este Ano da Fé que vamos
celebrar de 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013 comemorará o 50º
aniversário do Concílio Vaticano II, maior evento eclesial do século XX, cuja
abertura ocorreu justamente a 11 de outubro de 1962 e o 20º aniversário da
publicação do Catecismo da Igreja Católica, ocorrida da celebração dos 30 anos
do Concílio. Juntamente com a abertura do Ano da Fé, ocorre em Roma, neste
mês de outubro mais uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispo, órgão colegial e
representativo do episcopado de todo o mundo que assiste ao papa, por sua
convocação, em assuntos relativos à ação universal da Igreja. As duas últimas
assembleias do Sínodo foram sobre a Eucaristia (2005) e sobre a Palavra de Deus
(2008). Esta próxima terá como tema: “A nova evangelização para a transmissão
da fé” e coincide com a abertura do Ano da Fé.
Depois de celebrarmos o Grande
Jubileu dos 2000 anos do nascimento de nosso senhor Jesus Cristo, a Igreja
convocou-nos para celebrar dois outros dois anos especiais: o Ano Paulino
(2008-2009) e o Ano Sacerdotal (2009-2010). No dia 11 de outubro de 2011, o Santo
Padre Bento XVI publicou a Carta Apostólica “A Porta da Fé” (Porta Fidei),
convocando a Igreja no mundo inteiro a celebrar um Ano da Fé. Isso não é uma
novidade, pois em 1967, logo após o encerramento do Concílio Vaticano II, o
Servo de Deus Paulo VI fez também celebrar um Ano da Fé para comemorar o 19º
Centenário dos martírios de S. Pedro e S. Paulo.
Na Carta Apostólica “A Porta da
Fé”, o papa Bento XVI apresenta dois grandes desafios atuais que o levaram à
convocação desse Ano da Fé:
1)
“Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam
(…) a própria fé (…) como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal
pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado” (PF,
2) ;
2)
“… em nossos dias mais do que no passado, a fé
vê-se sujeita a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa
mentalidade que, hoje de uma forma particular, reduz o âmbito das certezas
racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas” (PF, 12).
Isto posto, olhemos para os
objetivos estabelecidos pelo papa para este Ano da Fé:
- “redescobrir
o caminho da fé para fazer brilhar com evidência sempre maior a alegria e o
renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (PF, 2);
- “compreender
que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares «não perdem o seu
valor nem a sua beleza» (Beato João Paulo II) (…) e «se o lermos e recebermos
guiados por uma justa hermenêutica (interpretação) o Concílio pode ser e
tornar-se cada vez mais para a renovação sempre necessária da Igreja» (Bento
XVI)” (PF, 5);
- realizar
“uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo” (PF,
6);
- impulsionar
uma nova evangelização: “hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a
favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e
reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”;
- “comemorar
o dom precioso da fé” (PF, 8), intensificando a reflexão e o aprofundando o
Catecismo da Igreja Católica, “um dos frutos mais importantes do Concílio
Vaticano II” (PF, 11), “para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais
consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de
profunda mudança como este que a humanidade vive” (PF, 8). “O Ano da Fé deverá exprimir um esforço
generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da
fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a síntese sistemática e orgânica”
(PF, 11) e “tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e
todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer
publicamente a profissão do Credo” (PF, 8);
- “intensificar
o testemunha da caridade. (…) A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade
sem a fé seria um sentimento constantemente à merce da dúvida. Fé e caridade
reclamam-se mutuamente, de tal forma que uma consente à outra realizar o seu
caminho” (PF, 14).
Nesta perspectiva, muita coisa
pode ser feita em nossas comunidades cristãs, ainda dentro do espírito e da
experiência das Santas Missões Populares (SMP). Ninguém deve ficar de fora
desse esforço eclesial. O Santo Padre convoca a todos, dioceses, paróquias,
comunidades, setores, famílias e cristãos individualmente: “Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado
nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio
das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer
melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre” (PF, 8).
Uma
nota da Congregação para a Doutrina da Fé aponta alguns caminhos, além daquele
apontado pela Carta Apostólica, a saber “devemos readquirir o gosto de nos
alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da
vida, oferecido como sustento de quanto são seus discípulos” (PF, 3):
- Encorajar
as peregrinações dos fiéis e as celebrações e reuniões nos principais
Santuários;
- Realizar
simpósios, congressos e reuniões que favoreçam o conhecimento dos conteúdos da
doutrina da Igreja Católica e mantenham aberto o diálogo entre fé e razão;
- Ler ou
reler os principais documentos do Concílio Vaticano II;
- Acolher
com maior atenção as homilias, catequeses, discursos e outras intervenções do
Santo Padre;
- Promover
transmissões televisivas ou radiofônicas, filmes e publicações, inclusive a nível
popular, acessíveis a um público amplo, sobre o tema da fé;
- Dar a
conhecer os santos de cada território, autênticos testemunhos de fé;
- Fomentar
o apreço pelo patrimônio artístico religioso;
- Preparar
e divulgar material que ajude os fiéis a resolver as suas dúvidas;
- Promover
ventos catequéticos para jovens, que transmitam a beleza da fé;
- Aproximar-se
com maior fé e frequência do sacramento da Penitência;
- Usar
nas escolas ou colégios o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica;
- Organizar
grupos de leitura e estudo do Catecismo da Igreja Católica e promover a sua
difusão.
Parece-me que temos aqui um
programa de vida e de ação pastoral para o Ano da Fé. Vivamos intensamente este
tempo de graça que nos oferece a Igreja. Renovemos a nossa adesão a Cristo, ao
seu Evangelho, ao seu projeto – o Reino, e à sua Igreja e empenhemo-nos de
maneira sempre renovada na transmissão desta mesma fé.
Pe. Jean Poul Hansen
Presbítero do Clero
Campanhense a serviço da Diocese da Guarda/Portugal
Mestrando em Teologia
Dogmática na Universidad Pontifica de Salamanca/Espanha
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