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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Eco da Palavra do XI Domingo do Tempo Comum (17/06/2012) – Mc 4,26-34


Jesus era sempre muito atento ao que se passava ao seu redor. Estava, especialmente atento à natureza e ao trabalho que se fazia próximo a ele. As duas parábolas que hoje ele nos contou revelam-nos essa sua capacidade de observação, ou melhor dizendo, de contemplar a realidade com os olhos de Deus e nela reconhecer os ensinamentos que o Pai deixou impressos na obra da criação.
O Reino de Deus é um dos temas prioritários da pregação de Jesus. Podemos dizer que ele sempre falou de dois temas em sua pregação: o Pai e o Reino. E esses dois temas são como que o verso e reverso da medalha, pois o Reino é a concretização da vontade do Pai.
Hoje, para nos fazer compreender como o Reino acontece, Jesus nos contou as parábolas da semente e do grão de mostarda. O que elas nos revelam do Reino de Deus?
Revelam-nos que o Reino, ou seja a vontade de Deus não acontece fora de nós, mas dentre e a partir de dentro. É escondida na terra que a semente germina. O Reino não vem a nós de maneira ostensiva, estrondosa, espantosa, de fora para dentro, como podemos estar esperando e como esperavam até mesmo alguns apóstolos como Simão Pedro e Judas Iscariotes, aquele que negou e aquele traiu o Salvador. Se a nossa esperança for imperfeita, ou seja, se como Pedro e Judas esperarmos que o Reino de Deus venha de fora para dentro, de maneira ostensiva e impositiva, teremos frustrada a nossa esperança e como eles não reconheceremos a vinda do Reino, rejeitando também aquele que traz em si o Reino, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Judas esperava que Jesus começasse uma guerra contra o poder Romano que dominava Israel e por isso o vendeu ao Sumo Sacerdote, nas esperança de que, quando fossem prender Jesus, ele desembainhasse uma espada e convocasse todos os discípulos e demais cidadãos para a guerra da libertação de Israel. Quando Judas percebeu que não era assim, que o Reino de Deus tem que crescer no íntimo de cada pessoa e não ser imposto por guerras ou espadas, desesperou-se e deu cabo da sua própria vida, aniquilando assim o espaço próprio do Reino, a nossa vida.
Pedro igualmente queria que Jesus impusesse o Reino. Chegou a dizer a Jesus que não lhe acontecesse a paixão e foi chamado de satanás por Jesus. Quando, no Jardim das Oliveiras, desembainhou a espada e cortou a orelha do soldado do Sumo Sacerdote, chamado Malco, ele na verdade acreditava que logo em seguida também Jesus arrumaria uma espada e faria o mesmo que ele fizera e convocaria toda a malta a lutar ostensivamente contra o pecado dos Romanos sobre Israel. Mas ele também enganou-se. Jesus, ao contrário do que ele esperava, repreendeu-o e mandou-o guardar a espada, entregando-se aos seus adversários como manso cordeiro.
Esses dois episódios comprovam aquilo que a parábolas da semente nos ensina: o Reino, a vontade de Deus, ou de outro modo, a santidade não vem de cima ou de fora, brota do nosso interior e chega ao externo por nossa expressão. Isto quer dizer que, se queremos um mundo melhor, temos que começa-lo dentro de nós, no nosso coração, no nosso íntimo e depois ir tornando-o presente ao nosso redor por meio de nossas relações, de nossas ações, da nossa presença no mundo.
E, por fim, a parábola do grão de mostarda revela-nos que essa pequena atitude de conversa interior, de mudança realizada em mim tem grande potencial e valor. É o grão de mostarda, que sendo a menor de todas as sementes torna-se a maior de todas as hortaliças. Os santos são a prova disso: S. Francisco de Assis quis mudar-se a si mesmo e mudou a Igreja, e mudou o mundo e há quase mil anos tornou-se uma árvore frondosa, à sombra da qual muitos se refugiam, crentes e não crentes, jovens e velhos, homens e mulheres.
Todos nós recebemos essa semente em nós, pelo Batismo, é preciso que ela em nós germine, brote, floresça e frutifique em frutos de santidade para que venha a nós e a partir de nós, pela graça de Deus, o seu Reino.

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