Páginas

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Eco da Palavra - Solenidade de Cristo Rei do Universo ( 20/11/2011) - Mt 25, 31-46

Celebramos neste domingo, o último do Tempo Comum e também o último do Ano Litúrgico, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. É uma das mais jovens solenidades do nosso calendário litúrgico. Ela foi instituída, num ato profético de grande coragem pastoral, pelo Papa Pio XI, com a Encíclica “Quas Primas”, de 11 de Dezembro de 1925, a primeira do seu pontificado (1922-1939).

Digo “ato profético de grande coragem pastoral” porque na segunda década do século vinte começava a circular pelos ambientes europeus idéias que geraram o Nazismo na Alemanha, o Comunismo na extinta URSS (União das Republicas Socialistas Soviéticas), o Fascismo na Itália, com  Benito Mussolini na Itália, a partir de 1919. Também na América Latina, mais precisamente no México, que naquela década se tornara o feudo da maçonaria, iniciativas anticlericais limitaram drasticamente a liberdade religiosa dos católicos a ponto de destruir igrejas, expulsar sacerdotes e proibir o uso da expressão “adeus”. O número de mártires causados pela “revolução mexicana” foi, naturalmente, enorme, muito dos quais morreram exclamando “Viva Cristo Rei”, tal como fez o jovem Padre Miguel Pro, da Companhia de Jesus, ao ser sumariamente fuzilado no dia 23 de Novembro de 1927. Também o Brasil não ficava de fora dessa onda totalitarista, com o Tenentismo e a Coluna Prestes propalando a ideologia comunista.
Na Espanha, por exemplo, o governo republicano de Manuel Azaña Díaz chegou ao ponto de proclamar: “a partir de hoje a Espanha não será mais cristã”, dando assim início a um processo de laicização forçada, processo esse que foi extraordinariamente violento e opressor, pois implicou não só a destituição da Igreja à condição de mera associação, mas também a expropriação dos bens eclesiásticos, e incontáveis outras ofensas à mais elementar liberdade religiosa dos cidadãos. De fato, na Espanha nessa época foram milhares os padres e religiosas, e também bispos, massacrados pela fúria anticlerical do regime republicano.
Em meio a essa onda totalitarista no mundo, o Santo Padre Pio XI, instituindo a Solenidade de Cristo Rei, sem criar atritos políticos, fez o mundo lembrar que um só é o Senhor e Rei do Universo, sob o qual todos os que se julgam poderosos neste mundo deverão se curvar e prestar contas de seus atos, afirmando assim a liberdade essencial que motiva a presença da Igreja em contextos de grande hostilidade e perseguição, porém sob o único Senhorio e Reinado de Jesus Cristo.
Ainda hoje, essa mensagem do Santo Padre Pio XI é muito atual. Já assistimos à queda da maioria desses regimes totalitários, mas também assistimos à crise da autoridade, das instituições e a ascensão do EU ao posto de Rei e Senhor. Num mundo onde reina o individualismo, o relativismo, o hedonismo e tantos outros “ismos”, é preciso gritar bem alto por meio do testemunho que brota da celebração eucarística dominical: “Reina o Senhor Jesus!”.
E é isto que a liturgia da Palavra nos quer lembrar: a primeira leitura nos lembra o modo pelo qual Cristo reina. Não pela violência, pela dominação, pela opressão, mas como pastor: Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito” (Ez 34,15-16). E, se nós quisermos participar do seu Reino, precisamos cultivar essas mesmas atitudes pastorais em nossa vida. É precisamente por isso que seremos julgados conforme nossas atitudes para com os menores deste mundo: “eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar” (Mt 25,35-36).
Os esquecidos do mundo são os prediletos de Deus e devem ser também os nossos. Desta forma, vamos construindo entre nós relações que edificam o Reinado de Cristo e nos tornam aptos a participar da plenitude do Reino “quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés” (1Cor 15,24-25).

Nenhum comentário:

Postar um comentário