Um testemunho eloqüente de fé em meio a uma sociedade descristianizada

Em meados do mês de agosto, juntamente com alguns jovens de nossa paróquia, tive a oportunidade de viver em Madri, na Espanha, a 26ª Jornada Mundial da Juventude: um encontro de 2 milhões de jovens de todo o mundo com o sucessor de Pedro, Sua Santidade o Papa Bento XVI.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a realidade laica, secularista, descristianizada em que vive a Espanha e, de certo modo, toda a Europa.

A mídia comercial no Brasil enfatizou muito essa realidade que ganhou popularidade nos protestos contra a presença do Papa, disfarçados na questão dos gastos da JMJ feitos por nada mais de 2 mil pessoas na Porta do Sol, em Madri. Nós que estávamos lá pouco vimos de tudo isso, pois era insignificante frente ao maravilhoso testemunho de fé da juventude mundial.

Penso que o fato de, como li há alguns dias, “a mídia preferir os 2 mil opositores aos 2 milhões de jovens unidos ao papa” não é sem razão. Há uma marcha intencional, bem pensada, planejada e financiada para levar o Brasil a este secularismo, a abandonar e renegar as suas raízes cristãs e viver como se Deus não existisse, perigo para o qual o Papa tem alertado o mundo insistentemente e repetiu em Madri, ao convidar os jovens a permanecerem “enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”.

Aliás, o que acontecia em Madri, durante a JMJ era justamente isso, o conflito da ideologia anti-cristã com a eloqüência do testemunho de fé dos jovens pelas ruas, praças e estações de Madri. Em todos os lugares, desde o aeroporto de Barajas, onde entramos em Madri, até o aeródromo de Cuatro Vientos onde vivenciamos a Vigília do sábado e a Missa de encerramento da JMJ, em todos os lugares encontramos grupos de jovens unidos, dando um testemunho de alegria por meio da música, da dança, do sorriso; de comunhão, por meio da partilha concreta da água, do alojamento, da comida e de fé, no silêncio da oração, na confissão realizada no Parque do Retiro, na participação piedosa da Santa Missa e na Via-Sacra, na atenção profunda às catequeses dadas pelos bispos na maioria das Igrejas aos jovens do mundo inteiro.

Era impossível não ver, não se questionar, não se deixar atingir por esse eloqüente testemunho. Ele como que invadia a todos e a cada um, e mesmo aqueles que já renegaram a fé em nome de um estado laico e laicista, em nome de um “pseudo” respeito à diversidade e em nome de muitas outras ideologias que vão entrando e ganhando campo no nosso meio. Era isso que os incomodava. Era a isso que eles reagiam. Não queriam ver a própria luz. Não queriam deixar entrar o testemunho que não pedia licença, pois era vivido com liberdade e verdade. Não era o Papa que eles não queriam. Eles não querem a Cristo, a Deus!

Agora é a nossa vez. A próxima JMJ acontecerá de 23 a 28 de julho de 2013, no Rio de Janeiro, sob o tema: “Ide fazer discípulos em todas as nações” (Mt 28,19). É hora de olharmos para nossa sociedade brasileira e nos perguntar o que queremos: queremos de fato ser discípulos de Jesus Cristo e corresponder à Palavra de Deus, sendo fiéis às nossas raízes cristãs, vivendo e defendendo os valores do evangelho na sociedade? Ou queremos ser laicos e laicistas renegando nossas raízes e os verdadeiros valores que Cristo Jesus nos ensinou e que a Igreja transmite com fidelidade e verdade, desde os primórdios “até o fim dos tempos” (Mt 28,20)?

É hora de assumir: “no peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus”!