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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Vídeo da Semana: O Canto Gregoriano

Queridos(as) irmãos(ãs),
Partilho com vocês essa reportagem feita em Belo Horizonte, sobre o Canto Gregoriano.
Muito bem feita, merece ser partilhada.
Deixe o seu comentário, pois o que faz o nosso blog é a interatividade.
Abraços...
Pe. Jean Poul
Varginha/MG
27/05/2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Eco da Palavra – V Dom. da Páscoa (22/05/2011) – Jo 14,1-12

A primeira pergunta que me fiz quando me deparei com esse texto na liturgia do 5º Domingo da Páscoa foi a seguinte: porque voltar ao contexto da última ceia se já estamos na Páscoa?
Explico: os capítulos 13, 14, 15, 16 e 17 do evangelho de São João descrevem aquilo que aconteceu na última ceia. E o evangelho de hoje está precisamente no capítulo 14.
A resposta está na afirmação inicial de Jesus: “Na casa do meu Pai há muitas moradas. (...) Vou preparar-vos um lugar” (Jo 14, 2).

Para compreender bem o Mistério Pascal
Nós corremos o risco de compreender o mistério pascal apenas pela metade. Entender que trata-se da paixão, morte e ressurreição de Jesus e pronto. Sim, isto é o mistério pascal. No entanto, há outro lado deste mistério. É a nossa paixão, morte e ressurreição.
A garantia de Jesus de que nenhum de nós ficará sem lugar na casa do Pai é também a afirmação de que nenhum de nós tem casa permanente nesta vida. Aqui, na terra, somos peregrinos, transeuntes, estamos acampados em tendas, à procura da morada definitiva.
São Paulo diz isso: “Sabemos que se a nossa habitação terrena, esta morada em que vivemos, for dissolvida, possuímos uma casa que é obra de Deus, uma eterna morada nos céus, que não é feita pela mão humana” (2Cor 5,1).
Desta forma, temos que tomar consciência do todo do mistério da Páscoa: “Cristo ressuscitou e nós com Ele, aleluia”, diz a música.
Celebrar a Páscoa – e é o que estamos fazendo há cinco domingos – é celebrar a nossa participação na paixão, morte e ressurreição de Jesus. Com Ele e como Ele, nós também sofremos, morreremos e ressuscitaremos. Ninguém de nós ficará para traz.

Ou viver sem a páscoa
Corremos o risco de viver negando esta verdade de nossa fé. E nossa cultura pós-moderna, consumista, hedonista tenta impregnar em nós esse modo de viver sem a páscoa.
Primeiro, negando a ressurreição: dizendo que a morte é o ponto final de nossa existência, que não vida após a morte etc. Ou até mesmo negando a própria morte: quantos há que vivem como se fossem super-homens e super-mulheres, arriscando a vida sem motivos que ultrapassem uma dose de adrenalina no sangue? Somos todos mortais, e morreremos, mas também ressuscitaremos com Cristo.
Depois terceirizando a morte. Há pessoas quem nem mais enterrar os mortos querem. Deixam seus entes queridos nos hospitais e lá mesmo já contratam os serviços funerários solicitando que, depois do enterro, avisem a família do falecimento. Levar para casa, velar o morto, viver a saudável experiência da perda é cada dia mais raro. Resultado: vivemos longe da morte e como se nunca fôssemos morrer. Idolatramos a vida! E por isso, não somos mais capazes do sofrimento, da dor, da privação... acabamos adeptos do desespero.

Muitas moradas e um só caminho
Voltando à afirmação de Jesus: “... há muitas moradas” (Jo 14,2) e um só caminho – “eu sou o caminho (...) ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6).
Se queremos habitar as moradas preparadas pelo Filho na casa do Pai, é preciso andar pelo caminho que é o próprio Filho, Jesus.
E o primeiro modo de andar por esse caminho é a Fé: “Credes em Deus, crede em mim também” (Jo 14,1). Fé não é apenas acreditar, é tornar-se aquilo que se crê. Fé é adesão. Aderir é assumir a forma daquilo em que se adere. A fé que nos pede Jesus é configuração a si, é tornarmo-nos como Ele.
E isso nós fazemos por meio do segundo modo de andar pelo caminho: “As palavras que eu digo, eu não as digo por mim mesmo (...) é o Pai que permanencendo em mim realiza as suas obras (...) e se não credes na minha palavra, crede, contudo, por causa destas obras” (Jo 14,10-11). A Palavra, em sua função performática é a grande força capaz de nos configurar a Cristo. Ouvir, ler, orar, meditar, contemplar, partilhar, comentar e anunciar a Palavra são atitudes capaz de nos tornar “outros Cristos” no mundo, realizando as obras que Ele fez.
Esse é o terceiro modo: “aquele que crer em mim, fará também as obras que eu faço e fará ainda obras maiores” (Jo 14,12). Realizar as obras de Jesus. O problema é que ficamos querendo curar os cegos, fazer andar os coxos, ressuscitar os mortos e não começamos pelo começo: acolhendo como Jesus acolheu, sendo misericordiosos como Jesus é misericordioso, sorrindo como Jesus sorriu, andando pelo meio do povo, sem reservas ou preconceitos, como Jesus andou etc.
Hoje temos o testemunho da Beata Dulce dos Pobres. O que fez esta bem-aventurada religiosa? Andou pelo meio dos pobres, recolheu os doentes num mercado velho, sob as arcadas da Igreja do Bonfim e por fim no galinheiro do convento. Começou pelo começo: configurou-se a Cristo por meio das mais simples e corriqueiras atitudes.
Essa é a nossa tarefa, se queremos chegar, pelo único caminho, às muitas moradas da casa do Pai.
Pe. Jean Poul
Varginha/MG
25/05/2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Escola de Oração: II - A oração e o sentido religioso – Bento XVI – Catequese do dia 11/05/2011



Hoje eu gostaria de continuar refletindo sobre como a oração e o sentido religioso fazem parte do homem ao longo de toda a sua história.


Nosso tempo: secularismo e redescoberta de Deus
Vivemos em uma época na qual são evidentes os sinais de secularismo. Parece que Deus desapareceu do horizonte de muitas pessoas ou que se tornou uma realidade diante da qual se permanece indiferente. Vemos, no entanto, ao mesmo tempo, muitos sinais que nos indicam um despertar do sentido religioso, uma redescoberta da importância de Deus para a vida do homem, uma exigência de espiritualidade, de superar uma visão puramente horizontal, material da vida humana. Analisando a história recente, fracassou a previsão daqueles que, na época do iluminismo, anunciavam o desaparecimento das religiões e exaltavam a razão absoluta, separada da fé, uma razão que teria afastado as trevas dos dogmas religiosos e que teria dissolvido "o mundo do sagrado", restituindo ao homem a sua liberdade, sua dignidade e sua autonomia de Deus. A experiência do século passado, com as duas trágicas guerras mundiais, colocou em crise aquele progresso que a razão autônoma do homem sem Deus parecia poder garantir.
O Catecismo da Igreja Católica afirma: "Pela criação, Deus chama todos os seres do nada à existência. (...) Mesmo depois de, pelo pecado, ter perdido a semelhança com Deus, o homem continua a ser à imagem do seu Criador. Conserva o desejo d'Aquele que o chama à existência. Todas as religiões testemunham esta busca essencial do homem" (n. 2566). Poderíamos dizer - como mostrei na catequese anterior - que não houve nenhuma grande civilização, desde os tempos mais antigos até os nossos dias, que não tenha sido religiosa.

Homo religiosus
O homem é religioso por natureza, é homo religiosus, assim como é homo sapiens e homo faber: "O desejo de Deus - afirma também o Catecismo - está inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus" (n. 27). A imagem do Criador está impressa em seu ser e sente a necessidade de encontrar uma luz para dar resposta às perguntas que têm a ver com o sentido profundo da realidade - resposta que ele não pode encontrar em si mesmo, no progresso, na ciência empírica. O homo religiosus não emerge somente do mundo antigo, mas atravessa toda a história da humanidade. Para este fim, o rico terreno da experiência humana viu surgir diversas formas de religiosidade, na tentativa de responder ao desejo de plenitude e de felicidade, à necessidade de salvação, à busca de sentido. O homem "digital", assim como o das cavernas, busca na experiência religiosa os caminhos para superar sua finitude e para assegurar sua precária aventura terrena. No demais, a vida sem um horizonte transcendente não teria um sentido completo; e a felicidade à qual tendemos se projeta ao futuro, rumo a um amanhã que ainda se cumprirá. O Concílio Vaticano II, na declaração Nostra aetate, sublinhou isso sinteticamente. Diz assim: "Os homens esperam das diversas religiões resposta para os enigmas da condição humana, os quais, hoje como ontem, profundamente preocupam seus corações: que é o homem? qual o sentido e a finalidade da vida? que é o pecado? donde provém o sofrimento, e para que serve? qual o caminho para alcançar a felicidade verdadeira? que é a morte, o juízo e a retribuição depois da morte? finalmente, que mistério último e inefável envolve a nossa existência, do qual vimos e para onde vamos?" (n.1). O homem sabe que não pode responder por si mesmo à sua própria necessidade fundamental de entender. Ainda que, iludido, acredite ainda que é autossuficiente, tem a experiência de que não se basta a si mesmo. Precisa abrir-se ao outro, a algo ou a alguém, que possa dar-lhe o que lhe falta; deve sair de si mesmo rumo Àquele que pode saciar a amplidão e profundidade do seu desejo.
O homem carrega dentro de si uma sede do infinito, uma nostalgia da eternidade, uma busca da beleza, um desejo de amor, uma necessidade de luz e de verdade, que o empurram em direção ao Absoluto; o homem carrega dentro de si o desejo de Deus. E o homem sabe, de alguma forma, que pode dirigir-se a Deus, que pode rezar-lhe. São Tomás de Aquino, um dos maiores teólogos da história, define a oração como a "expressão do desejo que o homem tem de Deus". Esta atração por Deus, que o próprio Deus colocou no homem, é a alma da oração, que se reveste de muitas formas e modalidades segundo a história, o tempo, o momento, a graça e, finalmente, o pecado de cada um dos que rezam. A história do homem conheceu, de fato, variadas formas de oração, porque ele desenvolveu diversas modalidades de abertura ao Alto e ao "mais além", tanto que podemos reconhecer a oração como uma experiência presente em toda religião e cultura.

Homo orans
De fato, queridos irmãos e irmãs, como vimos na última catequese, a oração não está vinculada a um contexto particular, mas se encontra inscrita no coração de toda pessoa e toda civilização. Naturalmente, quando falamos da oração como experiência do homem enquanto tal, do homo orans, é necessário ter presente que esta é uma atitude interior, antes que uma série de práticas e fórmulas; um modo de estar frente a Deus, antes que de realizar atos de culto ou pronunciar palavras. A oração tem seu centro e fundamenta suas raízes no mais profundo da pessoa; por isso, não é facilmente decifrável e, pelo mesmo motivo, pode estar sujeita a mal-entendidos e mistificações. Também neste sentido, podemos entender a expressão: rezar é difícil. De fato, a oração é o lugar por excelência da gratuidade, da tensão com relação ao Invisível, ao Inesperado e ao Inefável. Por isso, a experiência da oração é um desafio para todos, uma "graça" a ser invocada, um dom d'Aquele a quem nos dirigimos.
Na oração, em todas as épocas da história, o homem se considera a si mesmo e à sua situação frente a Deus, a partir de Deus e com relação a Deus, e experimenta ser criatura necessitada de ajuda, incapaz de procurar por si mesmo o cumprimento da própria existência e da própria esperança. O filósofo Ludwig Wittgenstein recordava que "rezar significa sentir que o sentido do mundo está fora do mundo". Na dinâmica desta relação com quem dá sentido à existência, com Deus, a oração tem uma de suas típicas expressões no gesto de colocar-se de joelhos. É um gesto que leva em si mesmo uma radical ambivalência: de fato, posso ser obrigado a colocar-me de joelhos - condição de indigência e de escravidão - ou posso me ajoelhar espontaneamente, confessando meu limite e, portanto, minha necessidade de Outro. A ele confesso que sou fraco, necessitado, "pecador". Na experiência da oração, a criatura humana expressa toda a sua consciência de si mesma; tudo que consegue captar de sua existência e, ao mesmo tempo, dirige-se, toda ela, ao Ser frente ao qual está; orienta sua alma àquele Mistério do qual espera o cumprimento dos seus desejos mais profundos e a ajuda para superar a indigência da própria vida. Neste olhar para o Outro, neste dirigir-se ao "Mais Além", está a essência da oração, como experiência de uma realidade que supera o sensível e o contingente.

Deus é quem dá o primeiro passo
No entanto, somente no Deus que se revela, a busca do homem encontra sua plena realização. A oração que é a abertura e elevação do coração a Deus, torna-se uma relação pessoal com Ele. E, ainda que o homem se esqueça do seu Criador, o Deus vivo e verdadeiro não deixa de convidar o homem ao misterioso encontro da oração. Como afirma o Catecismo: "Na oração, é sempre o amor do Deus fiel a dar o primeiro passo; o passo do homem é sempre uma resposta. À medida que Deus Se revela e revela o homem a si mesmo, a oração surge como um apelo recíproco, um drama de aliança. Através das palavras e dos atos, este drama compromete o coração e manifesta-se ao longo de toda a história da salvação" (n. 2567).
Queridos irmãos e irmãs, aprendamos a estar mais tempo diante de Deus, do Deus que se revelou em Jesus Cristo; aprendamos a reconhecer no silêncio, na intimidade de nós mesmos, sua voz que nos chama e nos reconduz à profundidade da nossa existência, à fonte da vida, ao manancial da salvação, para fazer-nos ir muito além dos limites da nossa vida e abrir-nos à medida de Deus, à relação com Ele, que é Infinito Amor.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Deus já não é invisível para o homem

O Evangelho de hoje, Quinto Domingo da Páscoa, propõe um duplo mandamento da fé: crer em Deus e crer em Jesus. O Senhor, de fato, diz a seus discípulos: “Credes em Deus, crede também em mim” (Jo 14,1). Não são dados separados, mas um único ato de fé, a plena adesão à salvação realizada por Deus Pai mediante seu Filho Unigênito. O Novo Testamento pôs fim à invisibilidade do Pai. Deus mostrou seu rosto, como confirma a resposta de Jesus ao apóstolo Felipe: “Aquele que me viu, viu também o Pai” (Jo 14, 9). O Filho de Deus, com sua encarnação, morte e ressurreição, libertou-nos da escravidão do pecado, para nos dar a liberdade de filhos de Deus, e nos revelou o rosto de Deus, que é amor: Deus pode ser visto, é visível em Cristo. Santa Teresa d’Ávila escreve que “não devemos nos afastar do que constitui todo nosso bem e nosso remédio, quer dizer, da santíssima humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Castello interiore, 7, 6: Opere Complete, Milano 1998, 1001). Portanto, só crendo em Cristo, permanecendo unidos a Ele, os discípulos, entre os quais estamos nós, podem continuar sua ação permanente na história: “Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço” (Jo 14, 12).
A fé em Jesus implica segui-lo cotidianamente, nas simples ações que compõem nossa jornada. “É próprio do mistério de Deus atuar de modo oculto. Só pouco a pouco Ele constrói na grande história da humanidade sua história. Faz-se homem, mas de maneira que possa ser ignorado por seus contemporâneos, pelas forças que contam na história. Sofre e morre e, como Ressuscitado, quer chegar à humanidade só através da fé dos seus, a quem se manifesta. Continuamente Ele bate às portas do nosso coração e, se abrimos, lentamente nos torna capazes de ‘ver’” (Jesus de Nazaré II, 2011). Santo Agostinho afirma: “era necessário que Jesus dissesse: ‘eu sou o caminho, a verdade e a vida’ (Jo 14, 6), porque uma vez conhecido o caminho, faltava conhecer a meta” (Tractatus in Ioh., 69, 2: CCL 36, 500), e a meta é o Pai. Para os cristãos, para cada um de nós, portanto, o Caminho para o Pai é se deixar guiar por Jesus, por sua palavra de Verdade, e acolher o dom de sua Vida. Façamos nosso o convite de São Boaventura: “Abre, portanto os olhos, tende um ouvido espiritual, abre teus lábios e dispõe teu coração, para que possas em todas as criaturas ver, escutar, louvar, amar, venerar, glorificar, honrar teu Deus” (Itinerarium mentis in Deum, I, 15) (Bento XVI, no Regina Coeli de 22 de maio de 2011).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Caros(as) amigos(as),

Há bom tempo tenho sido interiormente provocado a ampliar o campo de evangelização e ação pastoral pelo vasto mundo da mídia. E isso se torna muito mais intenso no tempo da Páscoa, quando temos tão boa notícia a anunciar ao mundo, e especialmente quando falamos do Bom Pastor e da necessidade de que se  conheça a sua voz.
Então, resolvi, depois de muito relutar devido à escassez do tempo por vários compromissos já assumidos, acolher a voz do Bom Pastor e responder mais uma vez: “Em atenção à tua Palavra, lançarei as redes” (Lc 5,5 – meu lema de ordenação).
Desta forma, convido você a visitar o meu blog. Ainda sou um analfabeto digital, mas com os poucos recursos que tenho nesse mundo super complexo, vou tentando semear as boas sementes do Evangelho.
O blog tem por finalidade ser um espaço onde partilho com vocês idéias, leituras e iniciativas que julgo boas para o crescimento e amadurecimento da fé. É um pouco da minha vida, do que leio, do que prego, do que penso, do que rezo. Mas, espero que seja também para mim um espaço de crescimento com os comentários de cada visitante ou seguidor.
Nele, a princípio, assumo comigo mesmo, dois compromissos semanais:
1)  Eco da Palavra: Por que eco? Porque vem depois e porque tem a ver com catequese que é a missão de fazer ecoar a Palavra. Pregar, para mim, é uma graça. Escrever é mais complicado. Contudo, tentarei escrever o que preguei. E assim, será um eco da Palavra dominical.
2)  Escola de Oração: é a simples transcrição da série de catequeses que o Santo Padre Bento XVI iniciou em 04 de maio último com o intuito de ajudar-nos a aprofundar este tema tão importante em  nossa vida e que julgo tão necessário em nossos tempos.
Outras coisas poderão vir no futuro, sobretudo com a sua colaboração.
Agradeço a sua amizade e afeto e mais uma vez recomendo-me às suas orações para que não tenha eu seguidores neste blog, mas Nosso Senhor os tenha por meio deste blog.
Com meu carinho,

Pe. Jean Poul

Escola de Oração: I - A Oração em todas as épocas - Bento XVI - Catequese do dia 04/05/2011


Queridos irmãos e irmãs:

Hoje eu gostaria de iniciar uma nova série de catequeses. Após as catequeses sobre os Padres da Igreja, sobre os grandes teólogos da Idade Média, sobre as grandes mulheres, eu gostaria de escolher agora um tema muito importante para todos nós: o da oração, de maneira específica a cristã, isto é, a oração que Jesus nos ensinou e que a Igreja continua nos ensinando. É em Jesus, de fato, em quem o homem se capacita para se aproximar de Deus, com a profundidade e a intimidade da relação de paternidade e de filiação. Junto aos primeiros discípulos, com humilde confiança, nós nos dirigimos agora ao Mestre e lhe pedimos: "Senhor, ensina-nos a orar" (Lucas 11, 1).
Nas próximas catequeses, aproximando-nos da Sagrada Escritura, da grande tradição dos Padres da Igreja, dos mestres de espiritualidade, da liturgia, queremos aprender a viver ainda mais intensamente nossa relação com o Senhor, quase uma "Escola de Oração". Sabemos bem que, de fato, a oração não se dá por garantida: é necessário aprender a rezar, quase adquirindo novamente esta arte; inclusive os que estão muito avançados na vida espiritual sentem sempre a necessidade de entrar na escola de Jesus para aprender a rezar com autenticidade. Recebemos a primeira aula do Senhor através do seu exemplo. Os Evangelhos descrevem Jesus em diálogo íntimo e constante com o Pai: é uma comunhão profunda, daquele que veio ao mundo não para fazer a sua vontade, mas a do Pai, que o enviou para a salvação do homem.
Nesta primeira catequese, como introdução, eu gostaria de propor alguns exemplos de oração presentes nas culturas antigas, para revelar como, praticamente sempre e em todos os lugares, os homens se dirigiram a Deus.

No Antigo Egito
No Antigo Egito, por exemplo, um homem cego, pedindo à divindade que lhe restituísse a vista, demonstra algo universalmente humano, como a pura e simples oração de petição de quem se encontra no sofrimento. Este homem reza: "Meu coração deseja ver-te... Tu, que me fizeste ver as trevas, cria a luz para mim. Que eu te veja! Inclina a mim teu rosto amado" (A. Barucq - F. Daumas, Hymnes et prières de l'Egypte ancienne, Paris 1980, trad. it. en Preghiere dell'umanità, Brescia 1993, p. 30).

Na Mesopotâmia
Nas religiões da Mesopotâmia, dominava um sentimento de culpa arcano e paralisador, não carente de esperança da redenção e libertação por parte de Deus.
Podemos apreciar assim esta súplica por parte de um crente daqueles antigos cultos: "Ó Deus, que és indulgente inclusive com as culpas mais graves, absolve o meu pecado... Olha, Senhor, teu servo esgotado e sopra a tua brisa sobre ele: perdoa-o sem demora. Levanta teu severo castigo. Dissolvidos estes laços, permite que eu volte a respirar; rompe as minhas correntes, liberta-me das minhas ataduras" (M.-J. Seux, Hymnes et prières aux Dieux de Babylone et d'Assyrie, Paris 1976, trad. it. in Preghiere dell'umanità, op. cit., p. 37). São expressões que demonstram como o homem, em sua busca de Deus, intuiu, ainda que confusamente, por um lado a sua culpa, mas também aspectos de misericórdia e de bondade divinas.

Na Grécia
Dentro da religião pagã da Grécia Antiga, assiste-se a uma evolução muito significava: as orações, ainda que continuem invocando ajuda divina para obter o favor celestial em todas as circunstâncias da vida cotidiana e para conseguir benefícios materiais, dirigem-se progressivamente a petições mais desinteressadas, que permitem ao homem crente aprofundar em sua relação com Deus e melhorar. Por exemplo, o grande filósofo Platão relata uma oração do seu mestre Sócrates, considerado justamente um dos fundadores do pensamento ocidental. Sócrates orava assim: "Fazei que eu seja belo por dentro. Que eu considere rico quem é sábio e que possua de dinheiro somente aquilo que o sábio possa tomar e levar. Não peço mais" (Obras I. Fedro 279c, trad. it. P. Pucci, Bari 1966). Ele queria ser, sobretudo belo por dentro e sábio, não rico em dinheiro.
Naquelas obras-primas da literatura de todos os tempos, as tragédias gregas, ainda hoje, depois de vinte e cinco séculos, lidas, meditadas e representadas, há orações que expressam o desejo de conhecer a Deus e de adorar sua majestade. Uma delas diz assim: "Sustento da terra, que sobre a terra tens a tua sede, sejas quem for, é difícil de saber, Zeus, seja a tua lei por natureza ou por pensamento dos mortais, a ti me dirijo: já que tu, procedendo por caminhos silenciosos, guias as vicissitudes humanas segundo a justiça" (Eurípides, Troiane, 884-886, trad. it. G. Mancini, en Preghiere dell'umanità, op. Cit., p. 54). Deus continua sendo um pouco nebuloso e, no entanto, o homem conhece esse Deus desconhecido e reza Àquele que guia os caminhos da terra.

No Império Romano
Também para os romanos que constituíram aquele grande império no qual nasceu e se difundiu, em grande parte, o cristianismo das origens, a oração, ainda que se associasse a uma concepção utilitarista e fundamentalmente ligada à petição da proteção divina sobre a comunidade civil, abre-se, às vezes, a invocações admiráveis pelo fervor da piedade pessoal que se transforma em louvor e agradecimento. Disso é testemunha um autor da África romana do século II d.C., Apuleio. Em seus escritos, ele manifesta a insatisfação dos seus contemporâneos com relação à religião tradicional e o desejo de uma relação mais autêntica com Deus. Em sua obra-prima, intitulada "As metamorfoses", um crente se dirige a uma divindade feminina com estas palavras: "Tu és santa, tu és em todo tempo salvadora da espécie humana; tu, em tua generosidade, ofereces sempre auxílio aos mortais; tu ofereces aos miseráveis em aperto, o doce afeto de uma mãe. Nem dia nem noite, nem momento algum, por mais breve que seja, passa sem que tu o cumules dos teus benefícios" (Apuleio de Madaura, Metamorfosis IX, 25, trad. it. C. Annaratone, en Preghiere dell'umanità, op. cit., p. 79).
No mesmo período, o imperador Marco Aurélio – que também era um filósofo que pensava na condição humana – afirma a necessidade de rezar para estabelecer uma cooperação frutífera entre ação divina e ação humana. Ele escreve em suas "Lembranças": "Quem te disse que os deuses não nos ajudam também no que depende de nós? Começa a rezar-lhes e verás" (Dictionnaire de Spiritualitè XII/2, col. 2213). Este conselho do imperador filósofo foi, efetivamente, colocado em prática por inúmeras gerações de homens antes de Cristo, demonstrando que a vida humana sem a oração, que abre nossa existência ao mistério de Deus, fica sem sentido e privada de referências. Em toda oração, de fato, expressa-se sempre a verdade da criatura humana, que experimenta, por um lado, fraqueza e indigência e, por isso, pede ajuda ao céu; e por outro, está dotada de uma dignidade extraordinária, porque se prepara para acolher a revelação divina, descobre-se capaz de entrar em comunhão com Deus.

Conclusão
Queridos amigos, nestes exemplos de oração das diversas épocas e civilizações, surge a consciência do ser humano de sua condição de criatura e de dependência de Outro, que é superior a ele e fonte de todo bem. O homem de todos os tempos reza porque não pode fazer outra coisa a não ser perguntar-se qual é o sentido da sua existência, que permanece escuro e desconcertante quando não é colocado em relação com o mistério de Deus e do seu projeto sobre o mundo. A vida humana é uma mistura do bem e do mal, de sofrimento imerecido e de alegria e beleza, que, espontânea e irresistivelmente, nos conduz a pedir a Deus a luz e a força interior que nos socorra na terra e se abra a uma esperança que vai além dos confins da morte. As religiões pagãs continuam sendo uma invocação que da terra espera uma palavra do Céu. Um dos últimos grandes filósofos pagãos, que viveu já em plena época cristã, Proclo de Constantinopla, dá voz a esta espera, dizendo: "Insondável, ninguém te contém. Tudo que pensamos te pertence. São teus nossos males e nossos bens; de ti cada hálito nosso depende, ó Inefável, que nossas almas sentem presente, elevando-te um hino de silêncio" (Hymni, ed. E. Vogt, Wiesbaden 1957, en Preghiere dell'umanità, op. cit., p. 61).
Nos exemplos de oração das diversas culturas que consideramos, podemos ver um testemunho da dimensão religiosa e do desejo de Deus inscrito no coração de todos os homens, que se realiza completamente e chega à sua plena expressão no Antigo e Novo Testamentos. A Revelação, de fato, purifica e leva à sua plenitude o original anseio do homem de Deus, oferecendo-lhe, na oração, a possibilidade de uma relação mais profunda com o Pai celeste.
No início do nosso caminho na Escola de Oração, queremos agora pedir ao Senhor que ilumine nossa mente e nosso coração, para que a relação com Ele, na oração, seja sempre mais intensa, com carinho constante. E novamente lhe pedimos: "Senhor, ensina-nos a orar" (Lucas 11,1).

Eco da Palavra – IV Dom. da Páscoa (15/05/2011) – Jo 10,1-10


Neste texto Jesus conta uma parábola em dois atos. Primeiro, ele afirma que suas ovelhas conhecem a sua voz, escutam-na e seguem-no. No segundo ato, motivado pelo fato de os judeus não compreenderem o que ele fala, Jesus se afirma “a porta das ovelhas”.
Comecemos o nosso Eco da Palavra, pela segunda parte.
Para compreendê-la precisamos compreender a atividade pastoril em Israel, no tempo de Jesus.

A prática pastoril em Israel
De início, pensemos que Israel não possuía uma terra verde como a do Brasil. Lá, encontrar pastagem exige do pastor caminhadas longas à frente do rebanho até a relva verde capaz de alimentar as ovelhas, o que, geralmente, não está próximo dos povoados.
Por isso, fala-se do redil. O redil era um cercado de pedras amontoadas em forma de pequenas paredes, muitas vezes redondo, e com apenas uma abertura, sem porta ou porteira.
Ao entardecer, os pastores que estavam distantes de suas casas, recolhiam seus rebanhos dentro do redil a fim de que passassem a noite em segurança. Eram vários rebanhos, de vários pastores dentro do mesmo redil.

Eu sou a porta das ovelhas
Um dos pastores era sorteado ou escalado para deitar-se naquela abertura e ali passar a noite, sendo “a porta das ovelhas”, garantindo assim a segurança das mesmas contra os lobos e os assaltantes.
Ferir e dispersar as ovelhas, só mesmo ferindo antes o pastor que era a porta. Sair do redil, separar-se do rebanho, somente passando por cima do pastor.
Enquanto isso, os outros pastores dormiam tranquilos em tendas armadas próximas ao redil.
Foi numa dessas noites que o anjo do Senhor anunciou aos pastores o nascimento do Salvador (cf. Lc 2,8 ss), o Bom Pastor, aquele que daria a sua vida para que não se dispersasse o rebanho, aquele que plenamente realizaria a missão de ser “a porta das ovelhas”, não permitindo que o lobo ou o assaltante levasse ovelha alguma que lhe fora confiada. “Não perdi nenhum daqueles que me deste” (Jo 18,9).
É por isso, por sua plena doação, que é a nossa salvação, que precisamos ouvir e conhecer a sua voz. É a lição do primeiro ato da parábola.

Minhas ovelhas escutam a minha voz
Pela manhã, logo ao alvorecer, os pastores retomavam seus rebanhos no redil, para em mais um dia ir à procura de “pastagens verdejantes” (Sl 22, 2).
Mas, como separar os rebanhos se todas as ovelhas se juntaram e se misturaram à noite no redil? Soltá-las todas seria perigoso. É aí que entra o relacionamento entre pastor e ovelha: “ele as chama cada uma por seu nome, e as leva para fora”, porque “conhecem a sua voz”. Ao pastor cabe conhecer as ovelhas pelo nome, na sua individualidade, que não é apenas aparência, mas essência. Às ovelhas cabe conhecer a voz do pastor. É este conhecimento que as faz sair e seguir, confiantemente, o pastor.
Aqui está, me parece, um dos grandes desafios do nosso tempo: discernir a voz do pastor. Será que nós, hoje, sabemos distinguir com rapidez e perfeição quando é o pastor a nos chamar, quando é o lobo ou o assaltante a imitar a voz do pastor a fim de devorar-nos e dispersar-nos do rebanho? Em tempos tão complexos e controversos, quando assistimos a tantas notícias, recebemos tantos convites e propostas, contemplamos tanta desigualdade, será que temos o correto discernimento do que seja a voz de Deus em nossa consciência, do que seja a proposta do mal, do mundo ou até de nós mesmos?

É preciso afinar nossos ouvidos e nossa consciência
E há só um modo de fazê-lo. Lembro-me de Maria Madalena, no jardim do sepulcro, na manhã da Páscoa: “ela se voltou e viu Jesus que estava ali, mas não sabia que era ele. Jesus lhe disse: “Mulher porque choras? Quem procuras?” Mas, ela, pensando que era o jardineiro, disse-lhe: “Senhor, se foste tu que o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei”. Jesus lhe disse: “Miriâm”. Ela se voltou e lhe disse em hebraico: “Rabuni” (o que significa Mestre)” (Jo 20,14-16).
Eu imagino Maria Madalena exclamando: “Ninguém fala assim o meu nome! Só ele. É o mestre!” A ovelha reconheceu a voz do pastor. E porque reconheceu? Por que conviveu com Jesus. Naqueles três últimos anos ela não havia deixado de ouvir a voz de Jesus em nenhum só dia. Por isso, ela tinha certeza; por isso, o seu discernimento era veloz e certeiro, porque convivera com o Mestre.
Nós também, se queremos discernir com clareza a voz de Deus a nos chamar e nos conduzir às “pastagens verdejantes” (Sl 22,2) precisamos conviver com Jesus por meio da oração pessoal, especialmente no silêncio da oração quando ouvimos a voz de Deus; por meio da Leitura Orante da Palavra; na Eucaristia Dominical; na visita ao Santíssimo Sacramento; no cuidado com os irmãos enfraquecidos e debilitados, enfim, em tantas formas e possibilidades que temos de habituarmo-nos à voz do Bom Pastor, de modo que jamais sejamos confundidos.

Pe. Jean Poul
Varginha/MG
18/05/2011

Papa recorda aos bispos indianos a importância da catequese


"A revelação cristã, quando é aceita em liberdade e por obra da graça de Deus, transforma os homens e mulheres partindo do interior e estabelece uma maravilhosa relação redentora com Deus, nosso Pai celestial, através de Cristo, no Espírito Santo. Este é o coração da mensagem que ensinamos; este é o grande presente que oferecemos ao nosso próximo, na caridade: compartilhar a vida de Deus. Na Igreja, os primeiros passos dos crentes, ao longo do caminho de Cristo, devem estar sempre acompanhados por catequeses sólidas, que lhes permitirão crescer na fé, no amor e no serviço. Reconhecendo que a catequese é algo diferente da especulação teológica, os sacerdotes, religiosos e catequistas leigos precisam saber como comunicar com clareza e amorosa devoção a beleza que transforma a vida do ensinamento e as vidas cristãs, que será capaz de enriquecer o encontro com o próprio Cristo. O compromisso cristão de viver e dar testemunho do Evangelho apresenta diversos desafios, segundo a época e o lugar, mas exige sempre honestidade e sinceridade nas próprias crenças, além de respeito por aqueles que representam o próximo de cada um. Do mesmo modo, envolve um delicado processo de inculturação, que exige que sacerdotes, religiosos e catequistas leigos empreguem cuidadosamente as linguagens e costumes adequados às pessoas que servem quando lhes apresentam a Boa Notícia. É um compromisso que respeita e conserva a unicidade e a integridade da revelação divina dada à Igreja como sua herança, enquanto demonstra que é compreensível e atraente para aqueles a quem se propõe. Exorto-vos a supervisionar este processo com fidelidade à fé que vos foi transmitida, para que a conserveis e a transmitais também. Combinai esta fidelidade com a sensibilidade e a criatividade, de maneira que deis testemunho convincente da esperança que está dentro de vós" (da reflexão do Papa nessa segunda-feira, 16 de maio, junto aos bispos da Conferência Episcopal Indiana, ao recebê-los no Palácio Apostólico Vaticano).

segunda-feira, 16 de maio de 2011


A liturgia do 4º Domingo da Páscoa nos apresenta um dos ícones mais belos que, desde os primeiros séculos da Igreja, representou o Senhor Jesus: o do Bom Pastor. O Evangelho de São João, no capítulo 10, descreve os traços peculiares da relação entre Cristo Pastor e seu rebanho, uma relação tão estreita que ninguém poderá jamais afastar as ovelhas da sua mão. Estas, de fato, estão unidas a Ele por um vínculo de amor e de conhecimento recíproco, que lhes garante o dom incomensurável da vida eterna. Ao mesmo tempo, a atitude do rebanho com relação ao Bom Pastor, Cristo, é apresentada pelo evangelista com dois verbos específicos: escutar e seguir. Estes termos designam as características fundamentais daqueles que vivem o seguimento de Cristo. Antes de mais nada, a escuta da sua Palavra, da qual nasce e se alimenta a fé. Somente quem está atento à voz do Senhor é capaz de avaliar, em sua consciência, as decisões justas para agir segundo Deus. Da escuta deriva, portanto, o seguir Jesus: age-se como discípulo depois de ter escutado e acolhido interiormente os ensinamentos do Mestre, para vivê-los cotidianamente (Bento XVI, no Regina Coeli de 15 de maio de 2011).