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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Esta é a nossa fé — 6 — De todas as coisas visíveis e invisíveis



O primeiro artigo do «Credo niceno-constantinopolitano» termina com a afirmação de que Deus é o Criador de todas as coisas, sejam visíveis ou invisíveis: «Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis». A Criação é muito mais do que aquilo que vemos ou podemos entender. 
Para ajudar a compreender melhor, leia:
- Salmo 104 (103) e
- Catecismo da Igreja Católica, números 325 a 384

«SENHOR, como são grandes as tuas obras! Todas elas são fruto da tua sabedoria!» — este versículo do Salmo 104 é uma aclamação ao ato criador de Deus. O salmista refere que a contemplação da obra criadora de Deus produz em nós o louvor. Cada coisa está no seu devido lugar, graças à sabedoria divina. E tudo foi criado com sentido. Cada coisa tem a sua missão. Nada foi feito ao acaso, graças à sabedoria divina que é a origem de todas as coisas. O poeta ensina-nos que a contemplação é um ato gratuito e amoroso. Ele convida o ser humano a contemplar a Criação sem qualquer intuito utilitarista. Inspira-nos a expressar a beleza presente na Criação, como fez São Francisco de Assis ao compor o «Cântico das Criaturas». Somos convidados a transformar em linguagem poética a experiência contemplativa, para a tornar comunicável aos outros. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Esta é a nossa fé — 5 — Criador do céu e da terra



A ciência impõe-nos um critério evolucionista sobre as origens do ser humano e do universo. A tradição religiosa judaica e cristã fundamentam-se num critério criacionista. Será que estamos falando de duas «teorias» diferentes? Aceitar a evolução obriga a negar o ato criador de Deus? Não pode haver negação, mas complementaridade.
Para ajudar a compreender melhor, ler:
          - Gênesis 1, 1 — 2, 4a;
          - Catecismo da Igreja Católica, 279 a 324 
«Esta é a origem da criação dos céus e da Terra» — concluiu a (primeira) narrativa bíblica do livro do Génesis. «Todos os povos se perguntaram alguma vez: Donde viemos? Qual foi a nossa origem? Quem foi o fundador do nosso povo? Qual o nosso destino? Umas vezes, essas perguntas eram formuladas a partir de situações de desgraça coletiva: Que sentido tem o nosso fracasso e o nosso sofrimento? Que sentido tem a morte irremediável? Há um Alguém que possa responder a todas as interrogações do ser humano? [...] O GÊNESIS é, pois, o livro das grandes interrogações e das grandes respostas, não só do povo de Deus, mas de toda a humanidade. Por isso se diz que este livro é uma espécie de grande pórtico da catedral da Bíblia, pois de algum modo a resume na totalidade da sua beleza e conteúdo» (Bíblia Sagrada, Introdução ao Livro do Génesis, Difusora Bíblica). O relato da Criação não é uma informação histórica, mas uma profecia que aponta para a resposta mais profunda às questões sobre as origens: o próprio Deus. O autor do texto apresenta todas as coisas criadas pela bondade de Deus: «E Deus viu que isto era bom». Como numa língua a gramática serve para ordenar o uso das palavras, assim também a Criação é a gramática que dá sentido a todas as coisas a partir do Criador, orientando-as para o ser humano, «imagem e semelhança de Deus». 

domingo, 11 de novembro de 2012

Esta é a nossa fé — 4 — Todo-poderoso



A onipotência de Deus é caracterizada no Catecismo da Igreja Católica como universal, amorosa e misteriosa. Tudo isto está condensado no «Credo» na afirmação «todo-poderoso».
Para ajudar a compreender melhor, ler: 
         - 2Cor 6, 16b.18;
         - Catecismo da Igreja Católica, 268 a 278

«Serei para vós um pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso» — assim se expressa Paulo, na Segunda Carta aos Coríntios. A primeira verdade que temos de acolher é a seguinte: Deus é todo-poderoso enquanto Deus e enquanto Pai. Deus Pai está primeiro. Assim dizemos: «Deus Pai todo-poderoso». Por isso, a omnipotência de Deus tem de ser sempre interpretada a partir da paternidade. «Deus é o Pai todo-poderoso. A sua paternidade e o seu poder esclarecem-se mutuamente» (Catecismo da Igreja Católica, 270). 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Esta é a nossa fé — 3 — Pai



«Creio em um só Deus, Pai» — assim começa o «Símbolo Niceno-Constantinopolitano». Também o início da primeira pergunta que — na fórmula batismal — se faz aos catecúmenos (adultos que se prepararm para celebrar o Batismo) ou aos pais e padrinhos no batismo de uma criança é: «Credes em Deus Pai [...]? Mas como é que sabemos que Deus é Pai?
Para ajudar a compreender melhor, leia:
               - Mateus 6, 5-15;
               - Catecismo da Igreja Católica, números 232 a 240

«Pai nosso que estás no Céu»
É a primeira expressão da oração que Jesus ensina aos discípulos. «Não sabemos o que seria ver Jesus rezar!... Aquilo que os discípulos puderam testemunhar devia constituir um espetáculo extraordinário de intimidade e confiança... e, compreensivelmente, pediram para ser iniciados nessa experiência. [...] Não é propriamente novo o pedido que os discípulos fazem. A novidade, a bem dizer, está do lado de Jesus. ‘Rezai, pois, assim: Pai nosso’ [...]. Quando é que Jesus ensina o Pai-nosso aos discípulos? - Quando eles estão capazes de perceber Jesus como um acontecimento absolutamente novo. A oração é consequência, mais do que causa. É expressão da vivência, mais do que uma descoberta. O Pai-nosso nasce de uma caminhada. E é no culminar de uma etapa de maturação que o Pai-nosso é revelado. Nós também havemos de rezar o Pai-nosso, com verdade, quando percebermos, não apenas na linha da história e da sua espuma, mas no mais fundo de nós próprios, que Jesus Cristo traz a novidade de Deus. Talvez tenhamos para isso, como recomendava Fernando Pessoa, de ‘aprender a desaprender’. [...] Jesus faz-nos aceder a um limiar novo de Deus e da nossa humanidade» (José Tolentino Mendonça, «Pai-nosso que estais na Terra», Paulinas, Prior Velho 2011, 23.30).