Segundo a tradição cristã, o
Evangelho de Marcos foi escrito recolhendo o ensino e a pregação de Pedro, o apóstolo.
Um manuscrito de Papias (+ 155), referido por Eusébio de Cesaréia (265-339),
afirma que Marcos, ou João Marcos, como ele é chamado pelos Atos dos Apóstolos
(12,12-25; 13,5-13; 15,37), era o hermeneuta,
ou seja, intérprete de Pedro, uma vez que o pescador da Galiléia provavelmente
falava apenas o aramaico, língua corrente entre o povo daquela região.
Contudo, após a ressurreição, a
missão de Pedro se estende para muito além da Galiléia, chegando inclusive á
capital do Império, Roma, onde Pedro foi martirizado. A língua corrente no
mundo, como linguagem intercultural era o grego, falado inclusive em Roma. Haja
vista que a Carta aos Romanos fora escrita em grego e não em latim. E Pedro não
falava grego. Logo, Marcos transmitia em grego a pregação de Pedro, feita em
aramaico. E foi a partir desse seu ministério de interpretação que Marcos
registrou no primeiro, mais antigo e menor dos evangelhos que hoje temos, o que
ele conheceu de Jesus a partir da pregação de Pedro. E o fez, muitas vezes,
mantendo palavras que Pedro usava com singular expressão, pois fora testemunha
ocular e auricular do fato realizado por Jesus. Um desses exemplos é a expressão
“éfata” contida no texto de hoje.
Antes de olharmos com maior atenção
a cura realizado no Evangelho de hoje, consideremos o sujeito envolvido na
cura.